As exportações de carne bovina do Brasil para

As exportações de carne bovina do Brasil para a Argentina aumentaram significativamente entre janeiro e outubro deste ano, totalizando 11 mil toneladas, segundo dados do Ministério da Agricultura. Esse volume é mais de 20 vezes maior que as 526 toneladas vendidas no mesmo período de 2023.
Apesar do crescimento expressivo, a Argentina representa menos de 1% do total das exportações brasileiras de carne, em comparação com a China, que é o principal consumidor do produto nacional. A alta nas vendas chamou a atenção de especialistas que apontam dois fatores principais para o aumento: o aumento das tarifas dos EUA sobre a carne brasileira e a queda na produção argentina.
A partir de abril, os Estados Unidos elevaram as tarifas para a carne bovina brasileira, o chamado “tarifaço”, que chegou a 50% em setembro e foi retirado em novembro. Essa medida fez com que a Argentina vendesse mais carne para o mercado americano. Para suprir a demanda interna, o país vizinho aumentou as compras da carne brasileira.
A produção de carne na Argentina vem caindo nos últimos anos por causa de problemas climáticos, como a seca, e de políticas econômicas adotadas pelo governo anterior. No início da década, o fenômeno climático La Niña afetou a reprodução do gado, enquanto medidas como a taxação das exportações dificultaram a atividade pecuária. Entre 2023 e 2025, o rebanho argentino reduziu de 68,8 milhões para 67 milhões de cabeças.
Além disso, o ex-presidente Alberto Fernández aplicou taxas de exportação sobre produtos agropecuários, incluindo 9% sobre a carne bovina, e chegou a suspender as exportações de carne por 30 dias em 2021. Essas políticas desestimularam a produção local e levaram o país a depender mais da importação.
O atual governo, comandado por Javier Milei, adotou uma postura contrária, reduzindo e até zerando as tarifas de exportação da carne bovina entre setembro e outubro deste ano. Essa mudança incentivou o aumento das vendas para outros mercados, elevando os preços internos que, por sua vez, estimularam a importação de carne brasileira.
Dados da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes e Derivados mostram queda de 10,5% nas exportações argentinas entre janeiro e outubro, com redução das vendas para a China, mas aumento de 7,5% para os Estados Unidos. Com as tarifas americanas sobre a carne brasileira, o espaço no mercado dos EUA foi ocupado pela carne argentina.
Especialistas apontam que Brasil, Argentina, Paraguai e Austrália têm comprado carne brasileira para abastecer seus mercados internos, enquanto exportam seus próprios produtos para os Estados Unidos. Esse mecanismo não configura prática ilegal de triangulação comercial, segundo consultoras do setor.
O preço da carne no Brasil também auxilia na preferência argentina pela importação. O valor médio do boi no Brasil está em US$ 61, enquanto na Argentina o preço chega a US$ 74,8, no Uruguai a US$ 75,7, e no Paraguai a US$ 64,5.
Embora as compras argentinas de carne brasileira tenham diminuído em outubro em relação a setembro, ainda estão acima dos níveis do ano passado. Analistas preveem que o Brasil continuará ampliando as vendas para a Argentina em 2026, dada a expectativa de manutenção da produção nacional argentina em queda.
O cenário atual indica uma reorganização da dinâmica comercial na América do Sul, com o Brasil assumindo papel maior no abastecimento de carne bovina da Argentina, enquanto mudanças tarifárias e climáticas impactam a produção local. A tendência é que essa relação se mantenha nos próximos anos, influenciando os mercados e os preços da carne na região.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com