O investimento em crédito privado no Brasil alcançou

O investimento em crédito privado no Brasil alcançou um recorde histórico em 2025, atingindo R$ 381,4 bilhões em emissões até setembro. A alta na taxa Selic, que está em 15% ao ano, e a redução nos empréstimos subsidiados do BNDES levaram empresas a buscar recursos por meio da emissão de títulos no mercado financeiro.
Desde junho, a alta da taxa básica de juros encareceu o crédito bancário tradicional, incentivando a captação via debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA). Essas alternativas oferecem taxas geralmente mais atrativas e, em alguns casos, isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mudou sua estratégia a partir de 2017, reduzindo empréstimos subsidiados e priorizando projetos ligados à sustentabilidade e inovação. Conforme Diego Ramiro, presidente da Associação Brasileira dos Assessores de Investimentos (ABAI), essa mudança motivou muitas empresas a recorrer ao mercado financeiro para captar recursos.
Os títulos de crédito privado são, em geral, considerados de renda fixa, mas possuem diferentes graus de risco. Segundo especialistas, o principal risco está ligado à possibilidade de inadimplência da empresa emissora ou à qualidade dos ativos que garantem a operação. Diferentemente dos títulos públicos e de alguns produtos bancários, os títulos privados não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
Além disso, a baixa liquidez de alguns desses papéis pode dificultar a venda antecipada sem prejuízo, já que nem todos são negociados diariamente no mercado secundário. Os prazos de vencimento variam, podendo se estender por mais de 10 anos.
A busca por crédito privado ganhou força especialmente após discussões sobre a Medida Provisória 1.303/2025, que propunha ajustes na tributação de certos investimentos. Embora a MP tenha perdido validade, a perspectiva de mudanças fiscais acelerou as emissões de títulos isentos de Imposto de Renda, como debêntures incentivadas, CRIs e CRAs.
No entanto, a demanda elevada reduziu os spreads, ou seja, a remuneração adicional que investidores recebem pelo risco, diminuindo, assim, o retorno desses ativos. Em outubro, foram negociados R$ 124 bilhões em crédito privado no mercado secundário, marca recorde que pressiona a rentabilidade.
Economistas alertam para o aumento dos riscos de crédito em um cenário de juros altos e economia fragilizada. Episódios recentes, como as dificuldades enfrentadas por Lojas Americanas, Light, Ambipar e Braskem, evidenciam o potencial de atraso ou calote, especialmente entre empresas menores.
Especialistas recomendam cautela aos investidores, destacando a importância da análise criteriosa da classificação de risco (rating), garantias e setor de atuação da empresa emissora. Títulos com rating “A” ou “B” ainda apresentam riscos, como destacou Diego Ramiro, lembrando que incidentes recentes tornaram mais difícil identificar emissores totalmente seguros.
O investimento em crédito privado é indicado para perfis moderados ou arrojados, que têm disposição para suportar riscos maiores e prazos mais longos. O impacto dos impostos, a liquidez do título e o cenário macroeconômico são fatores essenciais para avaliação.
Em resumo, o mercado brasileiro de crédito privado cresceu impulsionado pela alta da Selic e pela mudança na atuação do BNDES, mas o avanço vem acompanhado de sinais de alerta. A relação entre retorno e risco exige atenção e análise detalhada para que investidores evitem perdas significativas.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com