O principal canto da torcida do Palmeiras na

O principal canto da torcida do Palmeiras na final da Libertadores, marcada para 29 de julho em Lima, tem origem na balada romântica argentina “Ni una palabra”, lançada em 1982 por Roque Narvaja. A música, escrita e gravada durante o exílio do artista na Espanha, ganhou nova vida no Brasil ao ser adaptada para o refrão “Vamos pra cima, porco”, que incentiva o time dentro dos estádios.

Roque Narvaja, de 74 anos, é um cantor e compositor argentino com mais de cinco décadas dedicadas ao gênero romântico e rock. Nos anos 1960, liderou a banda La Joven Guardia e, na sequência, seguiu em carreira solo com canções como “Santa Lucía”. A conexão da sua obra com o futebol brasileiro surgiu recentemente, em 2022, quando a torcida do Palmeiras adotou a melodia para motivar o time.

“Ni una palabra” antes era conhecida por sua letra romântica, que fala sobre um casal improvável. Narvaja conta que a inspiração para a canção veio após encontrar uma jovem na praia de Maiorca, na Espanha. A história da música original não envolvia esportes ou torcidas, mas sim encontros furtivos e sentimentos discretos.

A adaptação da música ao universo do futebol teve início com versões feitas por torcidas argentinas como Newell’s Old Boys, River Plate, Huracán e até o Boca Juniors, clube do qual Narvaja é torcedor. No Palmeiras, a versão ganhou força depois que a Mancha Alvi Verde organizou um concurso para criar uma letra que acompanhasse a melodia. O torcedor Igor Melo venceu a disputa com o refrão que se popularizou entre os fãs.

O cantor disse acompanhar a transformação da sua obra e se declarou tocado pela nova relação com o público palmeirense. Ele definiu a letra criada como “muito espartana, muito grega” e destacou que a adaptação representa uma forma de expressão coletiva da torcida.

Além de ser um canto de apoio, “Vamos pra cima, porco” também funciona como forma de crítica e reforço emocional nos jogos. Roque explicou que a canção reaparece em momentos difíceis dentro da partida, como em jogadas ruins ou autogols, sinalizando a persistência e resistência do time e dos torcedores.

Embora Narvaja tenha afirmado que não fez nada para transformar a música, ressaltou que a sua obra alcançou um aspecto essencial da cultura popular, ao ser incorporada da forma que o público escolheu. Ele recordou sua emoção ao ouvir a canção entoada por torcedores do Boca Juniors no estádio La Bombonera, experiência que também marcou sua relação com o futebol argentino.

Assim, uma balada romântica criada durante o exílio político na Espanha se tornou, quarenta anos depois, um símbolo de incentivo e união para a torcida do Palmeiras, mostrando como a cultura pode se reinventar em diferentes contextos e territórios.

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Fonte: g1.globo.com