A prisão de generais em unidades militares no

A prisão de generais em unidades militares no contexto da investigação sobre uma trama golpista tem gerado desconforto dentro das Forças Armadas. A situação ocorre desde dezembro de 2024, com agentes de alta patente detidos em quartéis, o que provoca tensões na hierarquia militar.

Quatro generais de alta patente estão presos em diferentes condições. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e ex-comandante do Exército, está recolhido preventivamente no Rio de Janeiro. Ele é candidato a vice na chapa derrotada de Jair Bolsonaro em 2022. Além dele, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier foram condenados e aguardam recursos. Heleno e Nogueira são generais de Exército, enquanto Garnier é almirante e ex-comandante da Marinha.

Outro general do Exército, Mário Fernandes, está preso provisoriamente em Brasília. Ele atuou na Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro e é acusado de envolvimento em um plano para assassinar autoridades após as eleições de 2022. Fernandes está detido longe do Rio de Janeiro, onde Braga Netto cumpre prisão.

Fontes militares afirmam que a prisão de generais em quartéis, em especial a de Braga Netto, causa mal-estar. Oficiais de patentes inferiores são responsáveis pela vigilância e cuidados, incluindo a entrega de alimentação ao ex-ministro. Esse cenário tem provocado desconforto pela hierarquia tradicional dentro do Exército.

O incômodo é maior entre militares de menor patente, que consideram inadequada a presença de um general de quatro estrelas em uma sala de prisão dentro do quartel. Alguns sugerem que a transferência dos generais para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, seria mais apropriada. Entretanto, a legislação permite a prisão em quartel para militares, salvo em casos de perda da patente.

O respeito à hierarquia também se refletiu na acareação no Supremo Tribunal Federal (STF). Na audiência entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e Braga Netto, foi registrado que Cid evitava o contato visual direto com o general de quatro estrelas. Cid afirmou a pessoas próximas que não conseguia responder diretamente a Braga Netto devido à disciplina e à rigidez hierárquica do Exército, a qual considera “questão de vida ou morte”.

A situação atual destaca uma tensão inédita dentro das Forças Armadas, com repercussões internas sobre o tratamento e a prisão de altos oficiais. A questão também evidencia o impacto das investigações jurídicas no meio militar e reforça o debate sobre as condições de detenção para militares de alta patente.

Até o momento, não há informações oficiais sobre a continuidade das prisões ou o eventual deslocamento desses generais para outras unidades de detenção. Fontes militares acompanham a reação interna às medidas adotadas, que devem influenciar o comportamento e a disciplina dentro das Forças Armadas.

—
Palavras-chave relacionadas:
Forças Armadas, prisão de generais, trama golpista, Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Almir Garnier, Mário Fernandes, hierarquia militar, ex-ministro da Defesa, STF, Papuda, quartéis, Jair Bolsonaro, eleições 2022.

Fonte: g1.globo.com