Os preços dos ovos no mercado doméstico registraram a menor

Os preços dos ovos no mercado doméstico registraram a menor cotação de 2025 em outubro, segundo boletim divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), campus Piracicaba. A queda ocorreu em todas as cinco regiões acompanhadas pela instituição e refletiu a maior oferta da proteína e a demanda enfraquecida típica do período.

Em Bastos (SP), principal polo produtor do estado, os preços médios mensais dos ovos brancos e vermelhos atingiram os valores mais baixos desde novembro de 2024. A caixa de ovos brancos fechou o mês a R$ 128, enquanto a caixa de ovos vermelhos teve preço médio de R$ 145, diante de R$ 149 e R$ 164 registrados em agosto, respectivamente. A redução nas cotações se intensificou na segunda quinzena de outubro, confirmando o segundo mês consecutivo de queda no mercado interno.

O movimento de baixa nos preços do ovo acompanha a mudança no cenário das exportações brasileiras. Após um período contínuo de elevação, os embarques de ovos nacionais caíram no terceiro trimestre de 2025, principalmente pela menor demanda dos Estados Unidos, que deixou de ser o maior comprador do produto para o Japão depois da imposição de tarifas americanas.

Apesar da redução de 42% nas exportações no trimestre julho-setembro em relação ao período abril-junho, o volume embarcado, de 9,46 mil toneladas, representa crescimento de 99,8% sobre o mesmo intervalo do ano anterior, configurando um recorde para o período desde o início da série histórica em 1997, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Cepea.

No último mês analisado, agosto, os Estados Unidos importaram 2,13 mil toneladas de ovos in natura e processados, volume 60% menor que o registrado em julho, porém ainda 72% superior ao de agosto de 2024. O Japão passou a ser o principal destino da proteína nacional, com aquisição de 578 toneladas, aumento de 29% na comparação com o mês anterior.

O recuo nas exportações começou em julho, interrompendo a trajetória de alta do primeiro semestre de 2025, quando a diminuição nas vendas para os EUA foi de 31%. Mesmo com a queda recente, o acumulado em 2025 apresenta aumento expressivo, com cerca de 32,3 mil toneladas exportadas entre janeiro e agosto, alta de 192,2% em relação ao mesmo período de 2024. Esse volume já supera em 75% o total exportado em todo o ano passado.

No mercado interno, os preços dos ovos tiveram aumento em agosto, impulsionados pelo fim das férias escolares e maior disponibilidade financeira da população, mas iniciaram trajetória de queda já em setembro, acentuando-se em outubro. O recuo acompanha o reflexo da maior oferta aliada à procura menos intensa, situação que se repete tradicionalmente neste período do ano.

Entre os desafios para o setor, os custos de produção elevados, especialmente com insumos como milho, farelo de soja e embalagens, pressionam a margem de lucro dos produtores. Em 2024, esses custos aumentaram, enquanto os preços dos ovos despencaram, afetando a rentabilidade. Em 2025, a disponibilidade menor permitiu repasses mais efetivos nas cotações, embora a demanda interna apresente desaceleração.

Outro fator que impactou o mercado mundial e nacional foi a gripe aviária, principalmente na Europa, que gerou restrições às importações de produtos avícolas brasileiros pela China, Europa e Argentina após o primeiro registro da doença no continente. O Brasil recuperou o status de país livre da doença, mas a normalização das compras externas ainda não foi totalmente restabelecida.

Em resumo, o mercado dos ovos no Brasil em 2025 mostrou volatilidade nos preços e nas exportações. A recente queda no preço doméstico indica maior disponibilidade interna e menor demanda superficial. No contexto externo, mudanças nos destinos das exportações e fatores sanitários continuam a influenciar o desempenho do setor.

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Fonte: g1.globo.com