Grandes empresas de tecnologia, como a Amazon, anunciaram cortes significativos em suas equipes nos últimos meses, citando mudanças nos mercados e avanços tecnológicos como motivos principais. A Amazon confirmou na terça-feira (28) a redução de cerca de 14 mil cargos em sua força de trabalho global para se ajustar às novas demandas do setor, incluindo a adoção da inteligência artificial (IA).
Essa movimentação integra um movimento maior no setor tecnológico dos Estados Unidos, onde outras empresas também têm reduzido funcionários. A Chegg, plataforma de educação online, cortou 45% de seus colaboradores devido às “novas realidades” trazidas pela IA. A Salesforce eliminou 4 mil vagas em atendimento ao cliente, explicando que agentes de IA passaram a desempenhar essas funções. A UPS informou a demissão de 48 mil trabalhadores desde o ano passado, associando parte dessa redução ao uso de aprendizado de máquina.
Apesar das declarações oficiais, especialistas destacam que a influência da inteligência artificial nas demissões pode estar superestimada. Martha Gimbel, diretora-executiva do Budget Lab da Universidade de Yale, ressalta que fatores internos de cada empresa e ciclos econômicos desempenham papéis essenciais nessas decisões. Segundo ela, a reação do mercado frente à IA gera uma interpretação exagerada dos eventos isolados relacionados a cortes.
Pesquisas recentes indicam que certos segmentos da força de trabalho são mais vulneráveis às mudanças tecnológicas. Um estudo do Federal Reserve de Saint Louis apontou correlação entre o crescimento da IA e aumento do desemprego em setores com alta presença tecnológica a partir de 2022. Entretanto, segundo Morgan Frank, da Universidade de Pittsburgh, o impacto direto do lançamento do ChatGPT em novembro de 2022 afetou principalmente cargos administrativos e de escritório, enquanto profissionais das áreas de computação e matemática não registraram alteração significativa no emprego.
O período que antecedeu a pandemia de Covid-19 marcou um crescimento acelerado nas contratações em empresas de tecnologia. Esse aumento, aliado à política de juros baixos do Federal Reserve, criou um ambiente propício para expansões rápidas. Com a alta gradual das taxas de juros a partir do lançamento do ChatGPT, essas empresas precisaram ajustar suas estruturas, independentemente do avanço da IA, conforme destaca Gimbel.
Para especialistas, será necessário acompanhar como os padrões de contratação e demissão se comportarão em momentos de crescimento econômico mais estáveis. A distinção entre perdas causadas por fatores cíclicos e aquelas provocadas pela automação tecnológica será fundamental para entender as transformações do mercado de trabalho. Alguns setores sensíveis, como recursos humanos e marketing, enfrentam uma combinação de efeitos econômicos e substituição tecnológica, dificultando essa análise.
A Amazon, em particular, justifica as demissões pela necessidade de se organizar de forma mais enxuta para aproveitar oportunidades geradas pela inteligência artificial. Em seu último balanço trimestral, divulgado em julho, a empresa apresentou vendas 13% superiores ao ano anterior, totalizando US$ 167,7 bilhões. Isso indica que o ajuste na força de trabalho não reflete um baixo desempenho financeiro, mas sim uma adaptação estratégica.
Segundo Enrico Moretti, professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, as maiores companhias tecnológicas estão na linha de frente das reestruturações ligadas à IA porque atuam como produtoras e consumidoras dessa tecnologia. Para Lawrence Schmidt, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a escala da Amazon permite automatizar funções com mais rapidez, tornando viável a substituição ou redução de certas posições. Ele prevê uma realocação de trabalhadores, mesmo que o número total de empregos sofra alterações.
Em resumo, os cortes de empregos anunciados por grandes empresas de tecnologia refletem uma combinação de ajustes econômicos pós-pandemia, adoção crescente de inteligência artificial e outros fatores internos. Embora a IA tenha papel relevante, o impacto sobre o mercado de trabalho ainda é moldado por múltiplas influências, exigindo análises cuidadosas para compreender sua extensão real.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com

