Empresas brasileiras adotam entrevistas por inteligência art

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O economista Everton Freire participou de uma entrevista de emprego conduzida por uma inteligência artificial (IA) via WhatsApp, em um processo seletivo realizado por uma empresa de educação na área da saúde. O uso dessa tecnologia em entrevistas teve o objetivo de otimizar o tempo e o volume de análises na seleção de candidatos.

O método consistiu em uma interação por áudio em que a IA enviava perguntas e avaliava as respostas em tempo real, direcionando os questionamentos conforme as respostas de Freire. A entrevista durou algumas interações e a resposta da IA foi imediata, classificando o economista como apto para a vaga, embora ele não tenha sido convocado para fases posteriores.

Essa forma de seleção tem sido adotada por empresas brasileiras de diversos setores para lidar com o grande número de candidaturas, especialmente após a popularização da IA generativa e o aumento das inscrições em plataformas como o LinkedIn. Especialistas afirmam que a tecnologia ajuda a padronizar e acelerar o processo, além de reduzir vieses humanos.

Por outro lado, Freire e outros entrevistados relatam a sensação de desumanização do processo. Ele avaliou que a tecnologia traz benefícios para as empresas, mas pode prejudicar os candidatos, que enfrentam uma avaliação pré-programada e impessoal. A necessidade de demonstrar domínio de termos técnicos e conceitos específicos também foi destaque em testes com ferramentas de IA.

Pesquisas acadêmicas indicam que, apesar das vantagens, as entrevistas com IA envolvem riscos, como a exclusão de perfis menos familiarizados com o uso da tecnologia e a falta de transparência sobre o uso da IA nos processos seletivos. A ausência de explicação clara sobre critérios de avaliação pode prejudicar a confiança dos candidatos e impactar a diversidade.

Outra questão levantada é o potencial viés dos algoritmos, que aprendem a partir dos dados e decisões humanas, podendo replicar preconceitos. Por isso, especialistas e advogados recomendam que as empresas adotem medidas para garantir transparência, evitar discriminação e treinar profissionais de recursos humanos para operar essas tecnologias.

O uso da IA em entrevistas também pode incluir sistemas que detectam o uso de respostas geradas por outras inteligências artificiais, embora isso ainda seja um campo em desenvolvimento. Experimentos realizados mostraram que é possível obter boas avaliações mesmo com respostas adaptadas de ferramentas de geração de texto.

Legalmente, o advogado Rafael Bispo de Filippis destaca que o algoritmo não pode apresentar vieses discriminatórios sob pena de processos judiciais. Projetos de lei em tramitação no Senado visam regular o uso da IA, estabelecendo direitos como acesso à informação sobre o uso da tecnologia e proteção contra discriminação. Empresas devem manter contratos claros com fornecedores de IA e guardar registros para eventual comprovação de transparência.

Em resumo, a aplicação da inteligência artificial em entrevistas de emprego cresce para atender à demanda e dar maior agilidade ao recrutamento. No entanto, a tecnologia traz desafios relacionados à humanização, transparência e equidade, exigindo cuidados para equilibrar eficiência e justiça no processo seletivo.

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Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

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