Gabrielle Ribeiro, influenciadora digital de 23 anos, decidi

Gabrielle Ribeiro, influenciadora digital de 23 anos, decidiu parar de consumir bebidas alcoólicas e exemplifica a mudança de consumo no Brasil, onde mais da metade dos consumidores reduziram a ingestão nos últimos anos. Pesquisa do Datafolha, realizada com 1.912 pessoas, mostra que 53% dos brasileiros diminuíram o consumo de álcool, enquanto estudos indicam que a geração Z tem menor participação no consumo em comparação às gerações anteriores.

A pesquisa da MindMiners aponta que apenas 45% dos jovens entre 18 e 26 anos consomem álcool, contra 57% dos millennials, 67% da geração X e 65% dos boomers. Motivações para essa redução incluem bem-estar, estabilidade emocional, controle financeiro e experiência social diferenciada. Além disso, parte desses jovens nunca se identificou com o ato de beber, como é o caso de Rayane Moreira, que cresceu em um ambiente familiar marcado por conflitos relacionados ao álcool.

O mercado já reflete essas tendências. Segundo a Euromonitor, o consumo de cervejas sem álcool no país cresceu mais de 200% entre 2020 e 2023, e a previsão é que atinja cerca de um bilhão de litros até 2025. O Brasil se tornou o segundo maior mercado mundial para esse segmento, conforme dados da World Brewing Alliance.

Esse cenário revela uma conscientização maior sobre moderação e qualidade. O bar Caledonia, especializado em uísques e coquetelaria, notou aumento na procura por coquetéis sem álcool, os mocktails, que demandam preparo com técnicas avançadas para manter sabor e complexidade, aproximando-se das versões tradicionais. A carta do bar atualmente inclui cinco opções que vão além do perfil doce, apostando em ingredientes sofisticados.

Empresas do setor ajustam portfólio para acompanhar a demanda. A Ambev registrou crescimento de 15% nas vendas de cervejas sem álcool no segundo trimestre de 2025 ante o mesmo período do ano anterior e projeta expansão cinco vezes superior ao segmento tradicional até 2028. Marcas como Bud Zero e Corona Cero aparecem como apostas estratégicas.

A Diageo, gigante em destilados, expandiu seu portfólio com a aquisição da Ritual Zero Proof e lançou versões 0.0 de clássicos como Guinness e Tanqueray, focando em diversificação e sofisticação. Para a empresa, o movimento não é sobre aumentar consumo, mas melhorar a experiência.

O comportamento dos consumidores mostra uma preferência por moderação, revelada na prática denominada “zebra stripe”, que intercala bebidas com e sem álcool. Essa mudança está ligada a fatores econômicos e sociais, incluindo menor renda disponível entre os jovens e busca por qualidade de vida.

O consumo reduzido de álcool não provoca crise para o setor, mas leva a uma reconfiguração que valoriza a inovação e o desenvolvimento de produtos premium. A busca por sabores mais complexos e experiências sensoriais transforma o ato de beber em uma forma de lazer consciente.

Assim, o mercado de bebidas no Brasil passa por uma transformação pautada pela moderação e pelo aumento da oferta de opções sem álcool, atendendo a um público mais exigente e diversificado. A tendência indica que a relação com o álcool segue se modificando, com impacto direto em hábitos de consumo e estratégias empresariais.

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Fonte: g1.globo.com