As exportações brasileiras de ovos recuaram no terceiro trimestre de 2025, mas ainda atingiram um volume recorde para o período, segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados em outubro.
Entre julho e setembro, o Brasil exportou 9,46 mil toneladas de ovos in natura e processados, quantidade 42% menor que a do trimestre anterior, mas 99,8% superior ao mesmo período de 2024, marcando o maior embarque para o terceiro trimestre desde 1997. A redução tem relação com a queda da demanda dos Estados Unidos, principal importador até junho deste ano, que perdeu espaço para o Japão após a imposição de tarifas norte-americanas.
Em agosto, os EUA compraram 2,13 mil toneladas, 60% menos que em julho, mas ainda 72% acima do volume de agosto de 2024. O Japão, por sua vez, adquiriu 578 toneladas, 29% a mais que no mês anterior, tornando-se o principal destino da proteína brasileira em agosto.
O primeiro recuo nas exportações ocorreu em julho, com queda de 20% comparado a junho e redução de 31% nas vendas para os Estados Unidos, que impuseram tarifas aos produtos brasileiros. Apesar desse cenário, o volume embarcado de janeiro a agosto totalizou cerca de 32,3 mil toneladas, 192,2% superior ao mesmo período do ano anterior e 75% acima do total de 2024.
No mercado interno, os preços dos ovos apresentaram alta no início de agosto, impulsionados pelo fim das férias escolares e pelo início do mês, quando a demanda costuma crescer devido à melhor capacidade de consumo da população. Entretanto, observou-se queda nos preços desde abril, com o menor patamar registrado em junho, motivada pelo aumento dos estoques e menor liquidez.
A gripe aviária na Europa trouxe restrições às importações de produtos avícolas brasileiros, incluindo ovos, prejudicando parte do mercado externo. Ainda que o Brasil tenha recuperado o status de país livre da doença, a retomada total das importações internacionais ainda não aconteceu.
O movimento de queda nos preços em maio e junho foi observado especialmente nas regiões produtoras de Bastos (SP), Santa Maria de Jetibá (ES), Grande São Paulo (SP), Recife (PE) e Belo Horizonte (MG). A cotação da caixa com 30 dúzias variou entre R$ 159 e R$ 185 em junho em diferentes praças, abaixo do valor registrado no início do ano, que chegou a R$ 276 em fevereiro.
Os custos de produção, incluindo insumos como milho e farelo de soja, aumentaram em 2024, pressionando a rentabilidade dos produtores. Além disso, despesas com embalagens e investimentos em espaços climatizados impactaram a cadeia produtiva. Em 2025, a menor oferta de ovos permitiu repassar reajustes para os preços.
Apesar das dificuldades recentes, o setor mantém o crescimento nas exportações e acompanha as oscilações dos preços no mercado interno, refletindo fatores como demanda internacional, custo de produção e condições climáticas.
—
Palavras-chave: exportação de ovos, Cepea, Esalq-USP, Secretaria de Comércio Exterior, Brasil, preços dos ovos, mercado interno, Estados Unidos, Japão, tarifas, gripe aviária, produção avícola, custo de produção, agronegócio.
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com

