Economia

O regime de chuvas irregulares e o aumento

O regime de chuvas irregulares e o aumento
  • Publishedoutubro 8, 2025

O regime de chuvas irregulares e o aumento da temperatura têm afetado a produção de café no Brasil nos últimos anos, levando produtores e pesquisadores a recorrerem à pesquisa genética e à tecnologia para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. A reportagem acompanhou diferentes regiões do país para mostrar como essas inovações estão transformando a cafeicultura nacional.

Em Piatã, na Bahia, a seca no início de 2024 provocou incêndios que destruíram plantações de café, comprometendo a safra da região. Produtores como Moacir registraram perdas significativas, com áreas queimadas e a perda da colheita de alta qualidade que sustentava suas famílias.

No interior de São Paulo, geadas intensas prejudicaram cafezais tradicionais, reduzindo drasticamente a produtividade. Na fazenda de Serra Negra, a produção esperada caiu de 50 para menos de quatro sacas por hectare, afetando diretamente o abastecimento local e elevando os preços do produto no mercado.

Diante desses impactos, produtores adotam novas práticas para garantir a continuidade da produção. Natalia Luglio, cafeicultora de São Paulo, ampliou a área de plantio e introduziu sistemas de irrigação para enfrentar períodos de seca. Ela também aposta em variedades de café geneticamente adaptadas às condições climáticas adversas.

No norte do país, em Rondônia, o café robusta ganha destaque pela adaptação ao calor, alta produtividade e resistência a pragas. A produção na região cresceu em função de investimentos em tecnologia, como o uso de drones e sistemas de irrigação computadorizados. Em algumas propriedades, a produtividade chegou a 170 sacas por hectare, número superior à média nacional do café arábica.

O preço do café robusta também subiu, beneficiando produtores locais que investiram em infraestrutura a partir de 2024. A valorização do produto vem acompanhada de esforços para melhorar a qualidade do grão e superar a reputação de variedade inferior.

Pesquisadores da Embrapa indicam que o robusta representa uma alternativa viável para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas sem avançar sobre áreas de preservação na Amazônia. Segundo especialistas, a conversão de pastagens degradadas em cafezais pode ampliar a produção sem aumentar o desmatamento, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e econômica da região.

A cafeicultura na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, apresenta exemplos de alta qualidade na produção de robusta. Em competições recentes, cafés da região receberam notas máximas, demonstrando o potencial do grão mesmo em áreas de floresta preservada.

O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) tem papel fundamental na pesquisa e desenvolvimento de novas variedades de café, inserindo genes de resistência a pragas, doenças e seca. As coleções genéticas do instituto fornecem base para ampliar a diversidade e a resiliência das plantações brasileiras.

Embora o futuro da produção de café no Brasil ainda seja incerto diante das mudanças climáticas, o país dispõe de recursos naturais, tecnológicos e humanos para adaptar-se. A combinação de genética, inovação e práticas sustentáveis mostra o caminho para manter a cafeicultura, que integra importantes regiões do país, das áreas tradicionais ao norte amazônico.

A série do Jornal Nacional sobre produção de alimentos em tempos de mudanças climáticas encerra nesta quinta-feira (9) com reportagens sobre o cultivo de cacau e frutas em sistemas de agrofloresta, ressaltando a importância da adaptação na agricultura brasileira.

Palavras-chave relacionadas: café, mudanças climáticas, café robusta, café arábica, tecnologia agrícola, pesquisa genética, produção de café, Embrapa, Instituto Agronômico de Campinas, sustentabilidade, agricultura brasileira, incendios florestais, geadas, irrigação, café na Amazônia, Rondônia, Bahia, São Paulo.

Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

Written By
Caio Marcio

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