A morte de Odete Roitman na primeira versão da novela “Vale Tudo”, exibida em 1988, marcou uma época ao envolver o público em um mistério que mobilizou o Brasil por quase duas semanas. O suspense sobre quem havia assassinado a vilã ganhou grande repercussão, com bolões, cartas e intensa cobertura da imprensa.
A cena da morte foi ao ar na véspera do Natal de 1988, e o mistério durou 11 dias até a revelação do assassino. Durante esse período, várias pessoas organizaram bolões para tentar adivinhar o responsável pelo crime. A expectativa gerada em torno do episódio foi um fenômeno sem precedentes na teledramaturgia brasileira.
Para canalizar a curiosidade do público, foi lançado um concurso que recebeu quase 2,5 milhões de cartas com palpites sobre o culpado. Entre os nomes mais mencionados estavam César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli), Marco Aurélio (Reginaldo Faria) e Eugênio (Sérgio Mamberti), este último o mais votado. Somente cerca de 5% dos participantes acertaram que a assassina seria Leila, personagem de Cássia Kis.
A imprensa deu grande destaque ao ocorrido. O jornal “O Globo”, por exemplo, dedicou um terço da página principal da edição de 17 de dezembro de 1988 para cobrir o velório de Odete Roitman, que foi enterrada no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. A reportagem mencionou ainda dificuldades viárias causadas pela manutenção do trânsito próximo ao local do enterro, ironizando que até nesse momento a personagem teria motivos para reclamar.
Para evitar vazamentos, os atores só foram informados do desfecho no dia 6 de janeiro de 1989. A equipe gravou cinco finais diferentes para a novela, mas apenas um foi ao ar. Dennis Carvalho, diretor da trama, recebeu a informação do autor Gilberto Braga poucos dias antes da gravação. Gilberto teria perguntado a Carvalho qual atriz parecia mais “louca” para ele, e a resposta foi Cássia Kis, confirmando assim a escolha da assassina.
A atriz gostou de interpretar a personagem responsável pela morte de Odete. Ela recordou que no dia seguinte à revelação já estava na primeira página dos principais jornais do país, ressaltando a importância histórica do momento. Décadas depois, Beatriz Segall, que interpretou Odete Roitman, continuava sendo associada à personagem mais marcante de sua carreira. Em entrevista de 2019, Segall afirmou que a personagem ficaria na história pelo conjunto da novela.
O mistério “Quem matou Odete Roitman?” permanece na memória coletiva brasileira como um símbolo do poder de mobilização das novelas. O impacto do episódio demonstrou como a dramaturgia pode envolver o público em eventos que ultrapassam a tela, criando uma interação única entre espectadores e produção.
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Fonte: g1.globo.com
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