As ações da Braskem caíram nesta sexta-feira (26) para a

As ações da Braskem caíram nesta sexta-feira (26) para a menor cotação dos últimos dez anos após a empresa anunciar a contratação de assessores financeiros e jurídicos para revisar sua estrutura de capital diante de um ciclo prolongado de baixa no mercado petroquímico global.

Por volta das 13h, os papéis da petroquímica na bolsa paulista recuaram 14%, sendo negociados a R$ 7,09, atingindo a mínima intradia de R$ 7,07, valor não registrado desde março de 2015. A companhia não divulgou detalhes adicionais sobre as alternativas econômico-financeiras que estão sendo avaliadas.

Analistas do UBS BB apontam que o momento da Braskem é desafiador devido ao aperto nas margens do setor petroquímico, que sofre com o mercado global em baixa. Eles destacam que tarifas de importação mais altas e a aprovação do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) e do Programa de Estímulo à Produção de Insumos Químicos (Presiq) são consideradas condições essenciais para interromper o consumo de caixa da empresa.

O relatório divulgado pelo UBS BB também menciona discussões relacionadas à estrutura da joint venture Braskem Idesa, no México, bem como possíveis ajustes no portfólio da companhia. A instituição cortou a recomendação das ações da Braskem para neutra e reduziu o preço-alvo de R$ 15 para R$ 10.

Na semana passada, a agência de classificação de risco S&P Global Ratings rebaixou a nota de crédito da Braskem de “BB-” para “B+”, mantendo a perspectiva negativa. A Braskem Idesa já tinha contratado o banco de investimentos Lazard e outros dois escritórios jurídicos para analisar alternativas financeiras.

Em relação à saúde financeira, a Braskem apresentou uma alavancagem medida em dólar de 10,59 vezes no fim do primeiro semestre, índice superior aos 6,79 vezes registrados em junho de 2024 e quase 8 vezes observados em março. A dívida bruta corporativa ficou em aproximadamente US$ 8,5 bilhões, com prazo médio de vencimento de nove anos, sendo 68% desse montante com vencimentos a partir de 2030.

No início de agosto, o presidente da Braskem, Roberto Ramos, defendeu a estratégia de reestruturação baseada na troca da matéria-prima nafta pelo gás natural e no aumento da produção de químicos “verdes”, derivados de fontes renováveis como cana-de-açúcar e milho. Durante entrevista, Ramos afirmou que o problema da empresa não era o tamanho da dívida, destacou que não há vencimentos de curto prazo e negou rumores sobre venda de ativos nos Estados Unidos, afirmando que a empresa não é favorável a essa medida para amortização de dívidas.

O caixa da Braskem, excluindo a operação mexicana da Braskem Idesa, era de US$ 1,7 bilhão ao final de junho, sem contar uma linha de crédito rotativo de US$ 1 bilhão disponível até dezembro de 2026.

Em resumo, a Braskem enfrenta um cenário complexo com o mercado petroquímico em deterioração, ajustes estratégicos em andamento e pressão dos agentes financeiros. A revisão da estrutura de capital e o corte da recomendação das ações indicam atenção à gestão de riscos e sustentabilidade financeira nos próximos anos.

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Fonte: g1.globo.com