Um grupo de 18 ex-dirigentes do Federal Reserve

Um grupo de 18 ex-dirigentes do Federal Reserve (Fed), ex-secretários do Tesouro e outros altos funcionários econômicos que serviram a presidentes de ambos os partidos pediu nesta quinta-feira (25) que a Suprema Corte rejeite a petição de Donald Trump para sustentar sua tentativa inédita de demitir a diretora do Fed, Lisa Cook.
Entre os signatários estão os três últimos presidentes do Fed — Janet Yellen, Ben Bernanke e Alan Greenspan — além dos ex-secretários do Tesouro Henry Paulson, Lawrence Summers, Jacob Lew, Timothy Geithner e Robert Rubin. Em documento enviado à Suprema Corte, eles afirmam que permitir a Trump afastar Cook enquanto a legalidade do ato ainda é analisada colocaria em risco a independência do banco central e minaria a confiança pública na instituição.
Até agora, tanto um juiz distrital quanto uma corte de apelações — por 2 votos a 1 — rejeitaram os argumentos de Trump.
O governo Trump pediu em 18 de setembro que a Suprema Corte autorizasse a demissão, decisão sem precedentes desde a criação do Fed em 1913. O Departamento de Justiça solicitou que fosse suspensa a ordem da juíza Jia Cobb, que havia bloqueado temporariamente o afastamento.
No documento, os ex-dirigentes afirmam que a destituição precoce de um diretor comprometeria a confiança na independência do Fed:
“O risco de dano à reputação de independência do Federal Reserve — e, por consequência, à economia — justifica manter o status atual, mantendo Lisa Cook em seu cargo enquanto se avalia a legalidade da medida.”
A manifestação foi protocolada horas antes de vencer o prazo para a própria defesa de Cook responder ao pedido de Trump.
A juíza Cobb já havia considerado que Trump provavelmente não tinha base legal suficiente para afastá-la por supostas fraudes hipotecárias — acusações que ela nega — relacionadas a imóveis na Geórgia e em Michigan. A corte de apelação reforçou que não houve devido processo legal, mas não entrou no mérito das alegações.
Pela lei que criou o Fed, seus diretores são nomeados pelo presidente, aprovados pelo Senado e só podem ser removidos “por justa causa”. Nenhum presidente, até Trump, havia tentado afastar um integrante do conselho.
O ex-presidente u a demissão de Cook alegando que ela teria declarado de forma indevida residências na Geórgia e em Michigan como principal domicílio ao refinanciar empréstimos em 2021. Nenhuma acusação formal foi apresentada, e documentos mostram que Cook havia informado em outros registros que o imóvel na Geórgia era casa de férias — o que enfraquece a denúncia.
No parecer, os ex-dirigentes não trataram do mérito das acusações, mas ressaltaram que o Congresso desenhou o Fed para ser blindado de pressões políticas e que permitir a demissão abriria espaço para graves consequências econômicas, incluindo maior inflação.
Lisa Cook, diretora do Fed.
reuters
Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com