Fazendeiros dos Estados Unidos enfrentam crise financeira pr

Fazendeiros dos Estados Unidos enfrentam crise financeira provocado pela queda nos preços das safras e pelas tarifas impostas pelo governo Trump contra a China e outros países. A situação ocorre em 2024, em estados rurais como Arkansas, Dakota do Norte e Pensilvânia, levando parlamentares a pressionarem por ajuda emergencial para o setor agrícola.

A guerra comercial com a China, iniciada com as tarifas aplicadas em tratos e importações, resultou na suspensão das compras chinesas de soja dos EUA. Essa medida impacta diretamente os agricultores, que perdem um dos maiores mercados para suas produções. A Associação Americana de Soja alertou o governo sobre a situação, destacando o risco para o setor.

Políticos republicanos das regiões afetadas, tradicionalmente alinhados ao presidente Donald Trump, demonstram preocupação com a crise no campo. O deputado Glenn Thompson, da Pensilvânia, classificou o momento como um dos piores enfrentados pelos agricultores em sua vida. Ele e outros parlamentares mantêm negociações com o Departamento de Agricultura para aprovar um pacote de ajuda ainda este ano.

O senador John Hoeven, da Dakota do Norte, está em diálogo com o governo para desenvolver um programa de suporte similar ao adotado no primeiro mandato de Trump. Na ocasião, foram destinados US$ 23 bilhões para compensar perdas da guerra comercial, e desta vez os parlamentares defendem uma quantia ainda maior para amenizar os problemas do setor rural.

A crise afeta diretamente o endividamento dos agricultores. Em setembro, cerca de 500 produtores no Arkansas reuniram-se com representantes locais para relatar dificuldades em honrar empréstimos bancários feitos para a compra de insumos e sementes. O fazendeiro Scott Brown afirmou que a agricultura atual se assemelha a uma “roleta russa”, em que o pagamento dos créditos é fundamental para o plantio do próximo ciclo.

O deputado Rick Crawford, que representa a área do Arkansas, destacou a necessidade de uma sinalização clara de recursos, mesmo antes da aprovação formal do pacote de ajuda. Ele alertou para o risco de “calamidades financeiras” se os agricultores e bancos não tiverem certeza de suporte governamental.

Em resposta, a secretária da Agricultura, Brooke Rollins, afirmou que o governo poderá utilizar a receita obtida com as tarifas para financiar o programa emergencial. Ela indicou que as medidas deverão ser implementadas em breve, conforme declaração dada ao Financial Times em 18 de setembro.

A suspensão das compras chinesas também motivou um aumento das importações de soja do Brasil, que rapidamente se tornou uma fonte alternativa para o país asiático. Produtores brasileiros e americanos acompanham o movimento, que evidencia uma reconfiguração nas cadeias globais de suprimento agrícola.

No caso da Dakota do Norte, produtores locais relatam prejuízos significativos. O jornal New York Times publicou entrevista com os agricultores Josh e Jordan Gackle, que estimam perdas de até US$ 400 mil devido à queda nas exportações. Antes das tarifas, mais de 70% da soja da região eram vendidas para a China, mercado agora praticamente inexistente para eles.

Além das dificuldades brasileiras, o país aposta na ampliação de mercados por meio de acordos internacionais, como o recente tratado com o EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio). Essa estratégia busca diversificar destinos para as exportações agrícolas, diante das incertezas criadas pela guerra comercial.

A crise enfrentada pelos agricultores dos EUA ressalta os impactos diretos das políticas tarifárias sobre a economia rural e a necessidade de respostas rápidas do governo para evitar o agravamento das dificuldades financeiras no campo. As negociações estão em andamento, e os próximos meses serão decisivos para a definição do suporte oficial ao setor.

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Fonte: g1.globo.com