Raimundo Fagner apresentou no dia 15 de setembro

Raimundo Fagner apresentou no dia 15 de setembro de 2025, no Vinicius Show, em Ipanema, Rio de Janeiro, o repertório de seu álbum ainda inédito dedicado à bossa nova, sob direção musical de José Milton. O show trouxe uma interpretação de standards do gênero, mas com tom discreto e sem a leveza tradicional da bossa nova.
O artista cearense de 75 anos iniciou a apresentação pedindo que fossem desligadas as luzes que incidiam sobre seu rosto. Sob pouca iluminação, Fagner mostrou o repertório produzido por Roberto Menescal, um dos líderes do movimento da bossa nova desde 1958, cuja curadoria orientou o disco.
Ao longo do show, o cantor reservou espaço para dez músicas que estarão no álbum a ser lançado pela gravadora Biscoito Fino em data ainda não confirmada. O repertório incluiu clássicos como “Canto de Ossanha”, “Águas de Março”, “Samba em Prelúdio”, “Samba de Verão”, “Wave” e “Chega de Saudade”, temas que marcaram a história do gênero.
No palco, o quarteto formado por Marcos Ariel (piano), André Gonçalves (violão), Helbe Machado (bateria) e Rodrigo Vila (contrabaixo) acompanhou Fagner com afinação e entrosamento. No entanto, o cantor demonstrou insegurança e desconexão com as letras em vários momentos, o que resultou em interpretações menos coesas.
Algumas músicas, como “O Negócio é Amar” — parceria póstuma entre Carlos Lyra e Dolores Duran — apresentaram dificuldades para o intérprete, que chegou a comentar sobre o ritmo e até um toque de sanfona que gerou descontentamento do produtor Roberto Menescal. A ausência do cantor Zeca Baleiro, com quem Fagner gravou “Tereza da Praia” no disco, também foi sentida.
A escolha do repertório, sobretudo por canções que fogem do espírito mais leve e solar da bossa nova, contribuiu para uma atmosfera que o público percebeu como um ensaio ao vivo. Fagner explorou tons mais graves e dramáticos, distantes da suavidade típica do gênero.
Durante a performance, Fagner conversou com a audiência, comentando sobre o desafio de cantar certas músicas. O momento mais harmonioso foi durante a apresentação de “Wave”, quando a suavidade da obra de Jobim foi mais apropriada à voz do artista.
O show ocorreu em um ambiente simbólico, diante do retrato de Vinicius de Moraes, patrono do Vinicius Show e presença espiritual lembrada ao longo da noite. A ausência da parceria inédita entre Fagner e Vinicius, anunciada previamente, foi notada pelo público.
A segunda apresentação do show “Bossa Nova” está prevista para o dia 16 de setembro de 2025, também no Vinicius Show, às 21h. O público e crítica aguardam por uma execução mais alinhada e com maior entrosamento entre artista e banda na nova data.
Em resumo, a apresentação demonstrou a tentativa de Fagner de inserir sua voz característica no cancioneiro da bossa nova, ainda que o resultado tenha ficado aquém das expectativas relacionadas ao gênero. A iniciativa reforça a busca do artista por novos caminhos musicais, dentro de sua trajetória consolidada na música popular brasileira.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
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