Geraldo Vandré completou 90 anos no dia 12 de setembro

Geraldo Vandré completou 90 anos no dia 12 de setembro de 2025, em João Pessoa (PB), cidade onde nasceu. Cantor, compositor e violonista, Vandré se tornou símbolo da resistência contra a ditadura militar que governou o Brasil a partir de 1964, especialmente após lançar, em 1968, a canção “Pra não dizer que não falei de flores”, um hino dos movimentos estudantis e de oposição.
Após a censura dessa música, que ganhou o apelido popular de “Caminhando”, Vandré viveu um longo período de isolamento e exílio tanto dentro quanto fora do Brasil. Em seu caminho, residiu no Chile e na França, onde gravou seu último álbum, “Das terras de benvirá”, lançado em 1970 e editado no Brasil em 1973. O cantor retornou ao país no mesmo ano para evitar prisão, graças à intervenção de um general.
Desde então, Vandré viveu uma espécie de exílio interno e permaneceu afastado da mídia, concedendo poucas entrevistas em décadas. Ele negou, em declarações esporádicas, ter sofrido tortura durante o regime militar. O isolamento se manteve até sua última apresentação pública em março de 2018, quando apresentou dois shows na Sala de Concertos Maestro José Siqueira, no Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, encerrando 50 anos de silêncio nos palcos.
O início da carreira de Vandré coincidiu com o golpe militar, em 1964, quando lançou seu primeiro álbum. Durante os anos seguintes, sua música se tornou um instrumento de resistência. O Ato Institucional nº 5 (AI-5), promulgação que endureceu a repressão em dezembro de 1968, marcou o último show do artista naquele momento, realizado em Anápolis (GO).
Apesar de sua trajetória ligada à oposição à ditadura, Vandré compôs em 1985 uma canção para a Força Aérea Brasileira, “Fabiana”, concluída em 1988. A obra nasceu após o tratamento que recebeu em um hospital da Aeronáutica em São Paulo. Essa aproximação com militares surpreendeu parte do público, dada a história de perseguição que enfrentou.
Atualmente, Vandré vive em São Paulo, para onde voltou após a morte da esposa em 2021. Mesmo assim, mantém-se reservado e distante do cenário público. Suas dores, mágoas e experiências dos anos de repressão permanecem guardadas, tornando-o uma figura enigmática dentro da história da música popular brasileira.
Geraldo Vandré é lembrado como um símbolo da resistência cultural contra a ditadura, cuja voz foi silenciada pela censura e pelo medo durante os anos de chumbo. O país mantém na memória sua contribuição e o impacto de sua obra na luta pela liberdade.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com