Economia

O Brasil se tornou o terceiro maior destino

O Brasil se tornou o terceiro maior destino
  • Publishedsetembro 4, 2025

O Brasil se tornou o terceiro maior destino de investimentos chineses no mundo em 2024, segundo estudo do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), com aportes que ultrapassaram US$4,2 bilhões em diversos setores. A mudança ocorre em meio ao fortalecimento dos laços diplomáticos entre os dois países e a crescente tensão comercial entre China e Estados Unidos.

O estudo aponta que o investimento direto chinês no Brasil mais que dobrou em 2024 em comparação a 2023, impulsionado por projetos em energia e em novas áreas, como carros elétricos. Atualmente, o Brasil é o principal destino dos investimentos chineses fora da Europa, ficando atrás apenas do Reino Unido e da Hungria globalmente.

Segundo o CEBC, há 39 projetos chineses no país, número recorde e diversificado, que inclui empresas de tecnologia como Meituan e Didi, que entraram no setor de entrega de alimentos em 2024. Essa diversificação representa uma mudança em relação ao período de 2015 a 2019, quando os investimentos chineses se concentravam principalmente em grandes projetos de petróleo e energia.

Apesar do aumento, o investimento chinês no Brasil ainda está abaixo da média anual de US$6,6 bilhões registrada na última metade da década passada, e inferior ao investimento americano, que atingiu US$8,5 bilhões em 2024. Os Estados Unidos seguem sendo a maior fonte de investimento estrangeiro direto no país.

O fortalecimento da relação comercial entre Brasil e China foi influenciado por encontros entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping ao longo do último ano. A aproximação ocorre no contexto de guerra comercial entre China e EUA, com tarifas elevadas impostas por Washington sobre produtos de ambos os países.

Especialistas apontam que o movimento das empresas chinesas de focar mais em economias emergentes como o Brasil ocorre em resposta ao recuo nos investimentos nos Estados Unidos, que somaram US$2,2 bilhões em 2024. De acordo com Tulio Cariello, autor do estudo do CEBC, essa realocação reflete tensões geopolíticas atuais.

O governo brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), vê a entrada maior de investimentos chineses como uma oportunidade para aumentar a competitividade industrial. Contudo, autoridades destacam a necessidade de promover o desenvolvimento das cadeias produtivas locais para ampliar os impactos econômicos.

Atualmente, várias fábricas chinesas ainda importam peças da China para montagem final no Brasil, o que limita a geração de empregos e a criação de novas indústrias ao longo da cadeia produtiva. Uallace Moreira, chefe de desenvolvimento industrial do MDIC, afirma que superar esse desafio é fundamental para o crescimento econômico sustentável.

As dificuldades para a implantação das cadeias produtivas brasileiras incluem o sistema tributário complexo, leis trabalhistas rigorosas e custos mais elevados em comparação à China. Essas diferenças aumentam os desafios para as empresas chinesas que investem no país.

Um episódio recente envolvendo a montadora chinesa BYD destaca alguns desses entraves. A empresa foi processada neste ano após autoridades brasileiras resgatarem 163 trabalhadores que teriam sido submetidos a condições análogas à escravidão em uma de suas fábricas no Brasil. A BYD negou irregularidades, e o caso evidencia as diferenças legais e regulatórias entre os dois países.

No momento, o Brasil consolida-se como um destino estratégico para os capitais chineses, ampliando sua presença em setores além do petróleo e da energia, como tecnologia e mobilidade elétrica. A evolução desses investimentos será acompanhada de perto para avaliar seu impacto mais amplo na economia e nas relações bilaterais.

Palavras-chave: investimento chinês, Brasil, CEBC, investimentos estrangeiros, economia brasileira, relações Brasil-China, setor industrial, carros elétricos, energia, tecnologia, cadeia produtiva, comércio internacional, política econômica, BYD, condições de trabalho.

Fonte: g1.globo.com


Fonte: g1.globo.com

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Caio Marcio

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