Os Estados Unidos elevaram nesta quarta-feira (14) as

Os Estados Unidos elevaram nesta quarta-feira (14) as tarifas sobre importações da Índia de 25% para 50%, como forma de pressionar o governo indiano a reduzir a compra de petróleo russo, segundo autoridades americanas. A medida visa punir Nova Délhi por abastecer Moscou em meio à guerra na Ucrânia e gerou tensões nas relações bilaterais entre as duas maiores democracias do mundo.

A Índia é o segundo maior importador de petróleo russo, atrás apenas da China, e suas compras do combustível representam quase 36% do total das importações de petróleo bruto do país em 2024. O governo indiano justificou que o aumento das importações russas ocorreu após o desvio de fornecimentos tradicionais para a Europa em função da invasão da Ucrânia pela Rússia. Além disso, destacou que a decisão teve apoio dos próprios Estados Unidos para garantir a estabilidade do mercado energético global.

Apesar do aumento, a nova tarifa de 50% não será aplicada a vários produtos indianos, incluindo setores sensíveis como farmacêutico, semicondutores, aço, alumínio, automóveis e smartphones. Essas exceções reduzem o impacto direto da medida e evitam prejuízos maiores em setores importantes para ambas as economias. As tarifas já haviam sido ampliadas para 25% no início deste mês após uma investigação do governo Trump sobre práticas comerciais indianas.

Especialistas alertam que uma tarifa de 50% equivale praticamente a um embargo comercial e pode prejudicar especialmente as pequenas empresas exportadoras da Índia. Organizações do setor advertiram sobre possíveis quedas nos pedidos e demissões caso a medida continue em vigor. Em 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações indianas, que somaram 87,3 bilhões de dólares.

O governo indiano classificou a decisão americana como “injusta, injustificável e irracional” e ressaltou seu compromisso com a autossuficiência econômica, conforme manifestado pelo primeiro-ministro Narendra Modi em seu discurso do Dia da Independência. Modi também prometeu ações para reduzir a carga tributária sobre a população e reafirmou o interesse na defesa dos interesses do país diante das pressões internacionais.

Por sua vez, o governo Trump manteve a posição de que a Índia financia indiretamente a guerra russa na Ucrânia. Peter Navarro, conselheiro econômico do presidente americano, afirmou que Nova Délhi não reconhece seu papel no conflito e acusou o país de se aproximar da China, com quem os Estados Unidos têm disputas econômicas e geopolíticas. Navarro alertou que as tarifas agravam a confiança bilateral e que a recuperação das relações pode levar anos.

Washington tem usado tarifas como ferramenta para combater práticas comerciais consideradas desleais e para corrigir desequilíbrios no comércio internacional. Além da Índia, Estados Unidos também aumentaram tarifas sobre produtos brasileiros para 50% neste mês, mantendo diversas isenções para evitar impactos econômicos maiores.

A elevação das tarifas intensifica um cenário de tensões comerciais e diplomáticas entre os países, influenciando decisões estratégicas e alianças na Ásia e globalmente. A Índia, ao buscar alternativas para mitigar perdas com os Estados Unidos, pode fortalecer ainda mais seus laços com a China, seu rival histórico.

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Fonte: g1.globo.com