O poder de compra dos produtores de ovos em São

O poder de compra dos produtores de ovos em São Paulo caiu pelo terceiro mês consecutivo em novembro de 2025, devido à alta nos preços dos insumos essenciais como milho e farelo de soja, enquanto as cotações dos ovos registraram queda no mesmo período, segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP.

O preço do milho subiu de 67,52% para 70,30% entre 14 de novembro e 5 de dezembro de 2025, motivado pela retomada da demanda interna para recomposição de estoques no fim do mês, conforme dados do Cepea. A menor liquidez do mercado nas últimas semanas do ano, reflexo da paralisação de transportadoras, também influenciou a valorização dos insumos.

Na região de Bastos, maior polo produtor paulista, o preço médio da caixa de ovos brancos tipo extra ficou em R$ 131,48, 6% abaixo do registrado em outubro. Para os ovos vermelhos, a média foi de R$ 144,98, queda de 5,9% em relação ao mês anterior. Esse movimento de redução dos preços acontece pela segunda semana consecutiva nas regiões monitoradas pelo Cepea.

A diminuição nas vendas tem provocado aumento gradual dos estoques nas granjas, dificultando a manutenção dos preços pelo produtor, que tem cedido nas negociações, segundo o Cepea. A oferta maior da proteína associada à demanda mais fraca caracteriza o cenário de mercado no final do ano.

As exportações brasileiras de ovos, apesar da queda no terceiro trimestre de 2025, alcançaram volume recorde para o período, com 9,46 mil toneladas exportadas entre julho e setembro. O recuo de 42% em relação ao trimestre anterior foi atribuído principalmente à menor demanda dos Estados Unidos, devido à tarifação de 50% aplicada pelo governo americano desde agosto. Essa taxa não foi reduzida, ao contrário de outros produtos brasileiros, como café e carne.

O Japão assumiu a liderança como principal destino da proteína nacional em agosto, superando os EUA. No mesmo mês, o Brasil exportou 2,13 mil toneladas para os Estados Unidos, 60% menos que em julho, mas 72% acima das exportações registradas em agosto de 2024.

No mercado interno, as cotações dos ovos tiveram queda em outubro, com preços médios da caixa de ovos brancos e vermelhos em Bastos alcançando os menores níveis desde novembro de 2024, após ajuste pelo Índice Geral de Preços (IGP-DI). A maior disponibilidade interna e a redução da demanda típica do período explicam a baixa, que se intensificou na segunda quinzena do mês.

O cenário de preços dos ovos tem sofrido variações ao longo do ano de 2025, com alta no início do ano, seguida de quedas em meses intermediários, conforme a dinâmica da oferta e demanda, questões climáticas, como a onda de calor, e fatores externos, como a crise da gripe aviária na Europa. Em junho, por exemplo, os preços atingiram o menor patamar diário do primeiro semestre em principais regiões produtoras, impactados pela menor liquidez do mercado.

Os custos de produção, especialmente ligados aos insumos como milho, farelo de soja e embalagens, aumentaram em 2024, pressionando a rentabilidade da cadeia produtiva. Em 2025, a disponibilidade menor de ovos permitiu aos produtores repassar parte desses custos às cotações, mas ainda assim o poder de compra frente aos insumos continua em baixa.

A combinação de fatores internos e externos, como tarifas comerciais, mudanças nos principais mercados consumidores e flutuações nos preços dos insumos, tem influenciado diretamente o equilíbrio econômico do setor avícola no Brasil neste ano, afetando a rentabilidade dos produtores e a dinâmica das exportações.

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Fonte: g1.globo.com