Especialistas indicam sinais para identificar vídeos gerados

Nos últimos seis meses, vídeos gerados por inteligência artificial (IA) ganharam qualidade, tornando mais difícil distinguir conteúdos reais de falsos. A qualidade baixa de imagem, como vídeos borrados e pixelados, ainda é um dos principais sinais para suspeitar de manipulação artificial, segundo especialistas.
O professor Hany Farid, da Universidade da Califórnia em Berkeley, afirma que vídeos com baixa resolução e compressão podem esconder inconsistências típicas de IA. “É um dos primeiros pontos que procuramos”, disse ele, que é pioneiro no campo forense digital e fundador da GetReal Security, empresa dedicada à detecção de deepfakes. Mesmo assim, destaca que essa dica pode perder eficácia conforme as ferramentas evoluem.
Farid explica que geradores de vídeo baseados em IA, como Veo (Google) e Sora (OpenAI), ainda apresentam pequenos erros invisíveis a olho nu, como texturas de pele uniformes, padrões estranhos de cabelo e roupas, ou objetos de fundo se movendo de forma inconsistente. Esses detalhes são mais fáceis de perceber em vídeos de alta qualidade, enquanto vídeos com baixa resolução tendem a ocultar essas falhas.
O professor Matthew Stamm, da Universidade Drexel, reforça que vídeos de baixa qualidade nem sempre são falsos. “Se você observar algo realmente com má qualidade, isso não significa que seja fake”, alerta. Porém, ele reconhece que, atualmente, essas imagens clipadas apresentam maior chance de enganar o público.
Exemplos recentes de vídeos falsos com grande alcance incluem um clipe de coelhos pulando em um trampolim com mais de 240 milhões de visualizações no TikTok, um vídeo pixelado de um casal se apaixonando no metrô de Nova York e um sermão falso de um pastor americano com discurso inesperado à esquerda política. Todos aparentavam ter sido filmados com equipamentos rudimentares.
Outro aspecto apontado por Farid é a duração dos vídeos gerados por IA. Eles costumam ser curtos, entre seis e dez segundos, devido ao alto custo computacional para gerar conteúdos maiores. “Quanto mais longo o vídeo, maior a chance de falhas na IA”, explica ele, que observa cortes frequentes quando vídeos são unidos para aumentar a duração.
A relação entre resolução e qualidade também é destacada. A resolução indica o número de pixels, enquanto a qualidade depende do processo de compressão, que pode borrar detalhes e criar artefatos visuais. Farid revela que criadores de deepfakes usam intencionalmente baixa resolução e compressão para esconder falhas, estratégia que dificulta a identificação visual.
Especialistas alertam, porém, que esse contexto pode mudar rapidamente. Stamm prevê que, em até dois anos, esses sinais visuais desaparecerão, tornando impossível confiar apenas na análise superficial. Por isso, técnicas avançadas como a análise de “impressões digitais” digitais, que identificam marcas estatísticas deixadas pela manipulação, estão em desenvolvimento para autenticar vídeos.
Além disso, empresas de tecnologia trabalham em padrões que autenticam a origem dos vídeos no momento da criação, como um carimbo digital interno atrelado ao arquivo, que pode comprovar se o conteúdo é original ou gerado artificialmente. O uso desses métodos pode ajudar a combater a desinformação.
O especialista em alfabetização digital Mike Caulfield defende uma mudança na forma como o público avalia vídeos online. Ele recomenda focar na proveniência, no contexto e na fonte do conteúdo, e não apenas em características visuais. “Vídeo ficará mais parecido com texto, onde a origem da informação é mais importante que o formato”, afirma.
Caulfield reforça que a manipulação de vídeos deixa de ser exceção e torna-se comum, exigindo uma avaliação crítica constante. Assim, para evitar enganos, é essencial verificar quem publicou o vídeo e se ele foi validado por fontes confiáveis.
Stamm classifica o desafio da autenticação digital como “o maior problema de segurança da informação do século 21”. Ele observa o crescimento na busca por soluções que combinam educação, políticas e tecnologia para enfrentar o avanço das fraudes digitais. Apesar das dificuldades, mantém a esperança de que será possível adaptar-se.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com