O preço do ouro atingiu o valor recorde de mais

O preço do ouro atingiu o valor recorde de mais de US$ 4 mil por onça em 2024, impulsionado pela instabilidade econômica e política nos Estados Unidos e no mundo. A paralisação do governo americano, junto ao enfraquecimento do dólar e à perspectiva de juros mais baixos, motivou investidores a buscarem na commodity um ativo de refúgio.

Desde o início do ano, o ouro subiu mais de 50%, marcando a maior valorização anual desde 1979. A alta acelerou após a imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos sob a administração do presidente Donald Trump e com o prolongamento da paralisação do governo, que entrou na segunda semana devido à falta de aprovação do orçamento federal pelo Congresso. A interrupção afeta serviços públicos considerados não essenciais e gera atraso na divulgação de dados econômicos importantes, aumentando a insegurança do mercado.

O ouro é tradicionalmente visto como proteção em tempos de crises e instabilidade. Seu papel como termômetro do sentimento de risco ficou evidente na última década, em especial após os choques econômicos recentes. A cotação do metal em tempo real dobrou nos últimos três anos, incentivada também pela compra crescente de bancos centrais que procuram diversificar reservas e reduzir a exposição ao dólar e a títulos americanos.

Analistas apontam que a desaceleração da economia dos EUA, as pressões para redução das taxas de juros e o dólar mais fraco contribuem para a demanda pelo ouro. Especialistas destacam a influência da postura do presidente Trump em críticas diretas ao Federal Reserve (Fed), banco central americano, o que pode abalar a confiança na instituição e reforçar a busca por proteção no metal precioso.

O fator político agravou a volatilidade após o início da paralisação do governo, repetindo padrões observados em outras interrupções recentes da administração americana. O ouro subiu cerca de 4% durante a paralisação de um mês ocorrida no primeiro mandato de Trump. Além disso, a alta recente também se relaciona ao crescimento da participação de investidores de varejo. Empresas que oferecem armazenamento seguro de ouro relataram aumento significativo no número de clientes interessados no investimento a longo prazo.

A acumulação de ouro por bancos centrais segue uma tendência dos últimos anos. Desde 2022, essas instituições adquiriram mais de mil toneladas anualmente, o dobro da média registrada entre 2010 e 2021. Países como Polônia, Turquia, Índia, Azerbaijão e China estão entre os maiores compradores, demonstrando a estratégia global de diversificação das reservas.

O mercado também monitora os riscos que um eventual aumento rápido da inflação poderia causar, pressionando o Fed a subir novamente os juros e impactando negativamente a cotação do ouro. No entanto, as expectativas atuais indicam redução das taxas de juros, o que torna o metal ainda mais atrativo para investidores que buscam minimizar riscos em um cenário de incertezas políticas e econômicas.

Diante desse contexto, o ouro mantém sua reputação como um ativo seguro, refletindo a cautela dos agentes financeiros frente às tensões internas e globais. O atual movimento de alta pode continuar nos próximos anos, dependendo das decisões políticas e das condições econômicas dos Estados Unidos e do mercado internacional.

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Fonte: g1.globo.com