Nesta quarta-feira (1º), entram em vigor nos Estados

Nesta quarta-feira (1º), entram em vigor nos Estados Unidos as novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre medicamentos e caminhões pesados importados. A medida, anunciada na semana anterior, tem como objetivo proteger os fabricantes locais diante da concorrência externa, além de ser justificada por questões de segurança nacional.
As tarifas aplicadas são de 100% para produtos farmacêuticos e de 25% para caminhões pesados importados. Trump afirmou que medicamentos patenteados e de marca não terão a taxa se a empresa responsável estiver construindo fábricas nos Estados Unidos, considerando que o início das obras ou a construção em andamento excluem a incidência do imposto.
Na segunda-feira, o governo também anunciou novas tarifas de 10% para madeira importada e de 25% para armários de cozinha, pias de banheiro e móveis estofados, que começarão a valer a partir de 14 de outubro.
No setor farmacêutico, a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America se posicionou contra as tarifas, destacando que, no início do ano, pouco mais da metade dos ingredientes usados em medicamentos nos EUA eram produzidos internamente, com o restante vindo da Europa e outras regiões aliadas.
Quanto aos caminhões, Trump destacou que a medida visa beneficiar fabricantes americanos como Peterbilt, Kenworth e Freightliner. O México é o principal exportador desse tipo de veículo para os Estados Unidos, com importações que triplicaram desde 2019.
As tarifas podem afetar também empresas como Stellantis, dona da Chrysler, que fabrica os caminhões Ram e vans comerciais no México. A Volvo, que está investindo US$ 700 milhões em uma fábrica de caminhões pesados em Monterrey, México, deve monitorar os impactos da medida, já que suas operações estão previstas para começar em 2026.
No ano passado, os EUA importaram quase US$ 128 bilhões em peças para veículos pesados provenientes do México, o que representa cerca de 28% do total das importações americanas no setor.
Grandes farmacêuticas europeias também reagiram às novas tarifas. Mike Doustdar, CEO da dinamarquesa Novo Nordisk, informou que a empresa avalia como a medida se encaixa no acordo comercial vigente entre União Europeia (UE) e Estados Unidos, firmado em agosto.
O acordo estabeleceu um teto de 15% para tarifas sobre diversos produtos europeus, incluindo medicamentos. A Casa Branca confirmou a manutenção desse limite, como parte dos compromissos com a UE e o Japão. Em contrapartida, a União Europeia se comprometeu a zerar suas tarifas sobre produtos industriais americanos e a garantir acesso preferencial a itens agrícolas e frutos do mar dos EUA.
A suíça Novartis afirmou que a tarifa não deve afetar suas operações nos EUA, devido a um investimento inicial de US$ 23 bilhões em infraestrutura e novas instalações no país. A empresa declarou que trabalha para garantir que seus principais medicamentos sejam fabricados em solo americano, o que a isenta da taxa de 100%.
O Reino Unido também manifestou preocupação e decidiu pressionar o governo americano. O país considera o tema importante porque grandes farmacêuticas britânicas, como AstraZeneca e GlaxoSmithKline, mantêm fábricas nos EUA e realizaram investimentos recentes. A AstraZeneca anunciou aportes previstos de US$ 50 bilhões até 2030.
A imposição dessas tarifas se baseia na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial dos EUA, que permite ao presidente aumentar tarifas sem necessidade de aprovação do Congresso se a importação for considerada uma ameaça à segurança nacional. Essa lei já foi usada para aplicar tarifas sobre aço, alumínio e automóveis.
A validade da aplicação dessas tarifas está atualmente sob análise da Suprema Corte americana. Recentemente, os magistrados decidiram revisar a legalidade das medidas após recurso do Departamento de Justiça, que contestou decisão de instância inferior. Os argumentos orais devem ocorrer na primeira semana de novembro.
Novas tarifas devem ser anunciadas em breve sobre semicondutores, minerais essenciais, robótica, máquinas industriais e dispositivos médicos, segundo informações da imprensa. O Departamento de Comércio também iniciou uma investigação em abril sobre o impacto das importações farmacêuticas na segurança nacional dos EUA.
Essas medidas fazem parte da estratégia do governo americano para incentivar a produção interna e reduzir a dependência de importações consideradas críticas para a economia e a segurança do país.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com