O Brasil registra os voos domésticos com tarifas

O Brasil registra os voos domésticos com tarifas mais altas da América Latina, segundo levantamentos recentes, devido à ausência de companhias aéreas low cost, à concentração do mercado e a custos operacionais elevados. A situação foi destacada durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, onde os preços das passagens chamaram a atenção.
A distância do território brasileiro faz com que o custo do combustível, com grande impacto nas despesas das viagens, seja elevado, especialmente em rotas longas. No entanto, outros fatores também influenciam o alto preço, como a pesada carga tributária, as taxas aeroportuárias e a infraestrutura limitada.
Um estudo da plataforma Mabrian aponta preços médios de US$ 135 para voos internos no Brasil, quase o dobro do valor do Peru, que registra US$ 70. O Instituto de Investigações Econômicas da Bolsa de Comércio de Córdoba comparou custos por milha voada e encontrou R$ 0,093 no Brasil, contra R$ 0,067 no Peru e R$ 0,043 na Colômbia.
Além disso, a oferta reduzida no mercado brasileiro favorece a manutenção dos preços altos. O setor é dominado por três companhias aéreas — Gol, Azul e Latam — enquanto países como México, Colômbia e Chile contam com companhias low cost, que oferecem tarifas mais acessíveis mediante cobrança por serviços adicionais.
Especialistas apontam que o ambiente regulatório e judicial do Brasil desencoraja novos modelos de negócios no setor aéreo. O país lidera em número de processos judiciais relacionados ao setor, o que dificulta a proposição de mudanças e a entrada de concorrentes com modelos alternativos.
Outro desafio é a ausência de aeroportos alternativos em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, que limita a competição e mantém os custos elevados. A infraestrutura existente concentra as operações em poucos terminais mais caros, ao contrário de cidades como Nova York e Paris, onde aeroportos secundários contribuem para a redução das tarifas.
O modelo low cost, que costuma operar com custos menores e preços competitivos, já foi tentado no Brasil pela empresa Webjet, vendida em 2011 para a Gol, que posteriormente encerrou suas atividades por considerar o modelo inviável no mercado nacional.
Regiões fora do Sudeste enfrentam dificuldades maiores, com rotas longas e baixa oferta de voos. Destinos como Belém e Cuiabá para Brasília e capitais do Sudeste frequentemente apresentam passagens com valores acima de R$ 2 mil, incluindo escalas longas. A limitação no número de aeronaves e a menor rotatividade dessas rotas contribuem para a alta dos preços.
O uso de subsídios para manter voos em áreas com menor demanda, prática comum nos Estados Unidos e Canadá, é incomum no Brasil. Apenas cerca de 2% dos municípios brasileiros possuem serviço aéreo regular, o que reduz a conectividade do país.
A falta de modais alternativos, como o transporte ferroviário de alta velocidade, também colabora para a concentração da demanda nos voos aéreos. A inexistência desse tipo de transporte, especialmente na rota Rio-São Paulo, eleva os preços pelo consumo exclusivo do modal aéreo em trajetos de média distância.
Projetos como o trem-bala entre Rio e São Paulo foram discutidos e receberam autorização recente para exploração, mas enfrentam atrasos e poucos avanços práticos. Em contrapartida, na Europa, o tráfego ferroviário disputa diretamente com a aviação, aumentando as opções para os passageiros e contribuindo para tarifas menores.
Em resumo, a conjugação de fatores como alta carga tributária, concentração do mercado, ausência de modelos low cost, infraestrutura restrita e falta de modais alternativos mantém as passagens aéreas domésticas brasileiras em níveis superiores à média da América Latina.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com