O estilista italiano Giorgio Armani morreu aos 91

O estilista italiano Giorgio Armani morreu aos 91 anos em 4 de setembro, e seu império de moda agora enfrenta mudanças com a divulgação de seu testamento, que estipula a venda de 15% da empresa para grandes grupos internacionais. O documento foi revelado em 12 de setembro e define os próximos passos para a gestão e a estrutura acionária da Giorgio Armani SpA.

O testamento determina que a fundação criada por Armani deverá vender 15% da empresa entre 12 e 18 meses após a abertura do testamento. Os compradores preferenciais são os grupos LVMH, EssilorLuxottica e L’Oréal, considerados líderes em seus setores no mercado global.

A LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton e Dior, é uma das maiores empresas de luxo da Europa, liderada por Bernard Arnault. A EssilorLuxottica atua no mercado óptico com marcas como Ray-Ban e Oakley, resultado da fusão entre Essilor e Luxottica. A L’Oréal é a maior companhia mundial de cosméticos, com marcas como Lancôme e Maybelline.

Giorgio Armani deixou 100% da empresa para sua fundação, que será dirigida por seu companheiro e braço direito Leo Dell’Orco, junto com seus sobrinhos Silvana Armani e Andrea Camerana. A fundação terá 10% das ações, sendo que Dell’Orco detém 40% dos direitos de voto, e os sobrinhos têm 15% cada um. O restante das ações está em copropriedade, com 30% dos direitos de voto para a fundação.

O testamento também prevê a possibilidade de um novo acionista adquirir entre 30% e 54,9% do capital remanescente em até cinco anos. Caso essa venda não ocorra, o grupo deverá abrir capital na bolsa, com a fundação mantendo pelo menos 30,1% das ações para garantir a continuidade dos princípios estabelecidos por Armani.

Nos documentos, Armani solicitou que a empresa seja administrada com ética, integridade e correção, valorizando um estilo moderno, essencial, elegante e discreto, com foco na inovação, excelência e qualidade dos produtos. Esses princípios deverão guiar as decisões da fundação e dos novos acionistas.

Além da movimentação acionária, a fundação será responsável por indicar o novo CEO do grupo. Mesmo com a entrada de novos investidores, a fundação manterá posição expressiva, assegurando que o legado do estilista seja preservado.

Giorgio Armani não teve filhos para herdar o negócio. A empresa, com receita estimada em 2,3 bilhões de euros em 2024, enfrenta desafios no cenário de recessão do mercado de luxo, embora ainda seja considerada atraente segundo especialistas.

Ao longo da carreira, Armani recusou diversas propostas de venda e abertura de capital, adotando medidas para garantir o controle familiar do grupo. Seus herdeiros diretos são sua irmã Rosanna, as sobrinhas Silvana e Roberta, e o sobrinho Andrea Camerana, além de Leo Dell’Orco, que é considerado parte da família.

O estilista iniciou o planejamento da sucessão e da preservação da independência do grupo criando a fundação em 2016. O objetivo da entidade é proteger a governança da empresa, alinhando-a aos princípios definidos por Armani e evitando divisões ou aquisições indesejadas.

Em entrevista em 2017, Armani destacou que a fundação ajudaria a evitar conflitos entre herdeiros e impedir a venda do grupo para terceiros. Com a morte do estilista, a fundação assume um papel central na gestão, ampliando sua participação e seguindo os novos estatutos que definem regras para governança, direitos de voto e abertura de capital.

Os estatutos estipulam ainda que qualquer oferta pública de ações só poderá ocorrer após cinco anos da efetivação do documento, e com o consentimento da maioria dos diretores da empresa.

A morte de Giorgio Armani marca o fim de uma era na moda mundial e o início de uma nova fase para seu império, que buscará combinar a continuidade dos valores fundadores com as demandas do mercado global.

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Fonte: g1.globo.com