Brasil busca independência na produção de minerais estratégicos

O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (25) que pode impor uma tarifa de 200% sobre produtos chineses caso a China não forneça ímãs aos Estados Unidos. A declaração foi feita em meio à disputa comercial e tecnológica entre as duas maiores economias mundiais.
Os ímãs em questão são produzidos a partir de ligas de terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais para a fabricação de dispositivos como smartphones, carros elétricos, turbinas eólicas, equipamentos médicos e armamentos. O neodímio, o samário e o disprósio são alguns dos elementos usados para aumentar a potência e a estabilidade desses ímãs, especialmente em aplicações de alta performance.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, estimada em cerca de 21 milhões de toneladas, ficando atrás somente da China. Apesar dessa reserva significativa, o país ainda exporta a maior parte dessas matérias-primas de forma bruta, sem agregar valor industrial.
O Ministério de Minas e Energia (MME) reconhece essa limitação e aposta no desenvolvimento de tecnologia própria para explorar o potencial do mercado. Entre os projetos em andamento está o MagBras, realizado pelo SENAI, que busca criar uma cadeia produtiva nacional de ímãs permanentes para uso em carros elétricos, energia renovável e eletrônicos.
O governo também destinou um fundo de R$ 1 bilhão para pesquisa mineral, focado em empresas juniores, além de oferecer debêntures incentivadas para investidores em projetos de transformação de minerais estratégicos. Uma chamada pública de R$ 5 bilhões, envolvendo o BNDES, a FINEP e o MME, pretende fomentar a instalação de plantas industriais e apoiar planos de negócios relacionados ao setor.
Além disso, o Serviço Geológico Brasileiro (SGB) está realizando estudos para mapear reservas e avaliar o reaproveitamento de rejeitos de mineração, ampliando as possibilidades de exploração sustentável e eficiente dos minerais.
No cenário internacional, a importância estratégica das terras raras é marcada por acordos e tensões comerciais. Em 2024, os Estados Unidos firmaram uma parceria com a Ucrânia para explorar o potencial mineral do país. Também foram relatados negociações, sem confirmação oficial da China, para um fornecimento temporário de ímãs e terras raras a mercado norte-americano.
Especialistas afirmam que a China mantém uma vantagem significativa, não apenas pela quantidade de reservas, mas por dominar a tecnologia e as patentes de refino e processamento dos minerais. Para o professor Ronaldo Carmona, da Escola Superior de Guerra (ESG), o Brasil deve “tratar os minerais críticos como ativos de alavancagem de interesses nacionais” e investir em inteligência estratégica semelhante à demonstrada pela China.
Com o avanço da tecnologia e a crescente demanda por produtos eletrônicos e veículos elétricos, o domínio sobre elementos como as terras raras ganha importância estratégica no cenário global. Países com reservas significativas buscam consolidar sua posição por meio do desenvolvimento industrial e tecnológico para evitar dependência externa.
Enquanto a China controla boa parte dessa cadeia produtiva, o Brasil tenta se posicionar para atrair investimentos e aumentar a agregação de valor na extração e processamento desses minerais essenciais para a indústria do futuro.
Palavras-chave relacionadas (para referência, não incluídas no texto jornalístico): Donald Trump, China, terras raras, ímãs permanentes, Brasil, comércio internacional, minerais estratégicos, neodímio, samário, disprósio, cadeia produtiva, investimentos, tecnologia mineral, disputa comercial.
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com