Dori Caymmi lança álbum “Utopia” aos 82 anos, pela gravadora Biscoito Fino

O cantor, compositor e violonista Dori Caymmi lança o álbum “Utopia” nesta segunda-feira (26), data em que completa 82 anos, pelo selo Biscoito Fino. O trabalho reúne repertório autoral com nove músicas inéditas e a regravação do frevo “Ninho de Vespa” (1990), reafirmando o compromisso do artista com uma canção brasileira tradicional e purista.

A capa do disco traz uma pintura feita em 1946 por Dorival Caymmi, pai de Dori, retratando o artista aos três anos de idade. A imagem acompanha a postura crítica que Dori mantém em sua carreira, marcada por um posicionamento firme em defesa da música nacional frente às transformações do tempo e das modas.

O álbum apresenta composições que parecem remeter às raízes da música brasileira. Um destaque é a faixa “O Nome da Moça”, parceria com Roberto Didio e interpretada ao lado de Mônica Salmaso. A canção inicia com um estilo de cantiga antiga e evolui para samba-canção, evidenciando o diálogo entre passado e presente.

A produção de “Utopia” conta novamente com o baixista Jorge Helder, que já havia colaborado no trabalho anterior de Dori, “Prosa & Papo”. Algumas faixas, como “Búzio Azul”, trazem leveza e são interpretadas em parceria com o grupo Boca Livre.

O disco também inclui “Sozinho de Nascença”, composta com Paulo César Pinheiro, que aborda um sentimento de isolamento, reforçado pelos arranjos para violoncelo de João Bustamante e Yuri Ranevski. Outra música dessa dupla, “Navegação”, transmite uma atmosfera poética ao narrar uma travessia entre Portugal e Angola, explorando temas como solidão e frio interior.

A parceria inédita entre Dori Caymmi e Ivan Lins resultou na canção “Isabela”, marcada por um clima onírico alinhado ao conceito do álbum. Ambos dividem a interpretação dessa faixa que mantém a tradição lírica presente na maior parte do repertório.

Além de trabalhar com Pinheiro em outras duas faixas, “Filete d’água” e “Filigrana”, Dori utiliza recursos como o clarinete de Cristiano Alves para valorizar a delicadeza das composições. Com isso, “Utopia” reforça a busca por uma música brasileira que resista à efemeridade e preserve sua essência.

Apesar de não apresentar um salto significativo em relação à obra já extensa de Dori Caymmi, o álbum contribui para a continuidade de seu projeto artístico, que privilegia uma sonoridade nacionalista e uma abordagem cuidadosa da tradição musical do país.

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Fonte: g1.globo.com