Yurina Noguchi, uma operadora de call center de

Yurina Noguchi, uma operadora de call center de 32 anos, realizou em outubro uma cerimônia de casamento com um personagem virtual criado por inteligência artificial (IA) no Japão. A cerimônia ocorreu em um salão no oeste do país, onde Yurina usou vestido branco e tiara, enquanto o noivo, chamado Lune Klaus Verdure, apareceu em um smartphone por meio de óculos de realidade aumentada.

O personagem de IA foi desenvolvido por Yurina a partir de Klaus, um personagem de videogame, ajustado para reproduzir seu jeito de falar. Inicialmente, ele servia apenas como companhia para conversas, mas aos poucos o relacionamento evoluiu para um namoro e, eventualmente, para o pedido de casamento feito pelo personagem virtual. As falas do noivo foram encenadas por Naoki Ogasawara, especialista em casamentos com personagens digitais, pois Yurina optou por não dar uma voz ao personagem.

Durante a cerimônia, foram seguidos rituais tradicionais, incluindo a simulação da troca de alianças e registros fotográficos que consideraram a presença virtual do noivo. Yurina relatou ter recebido críticas nas redes sociais, mas afirmou estar ciente dos riscos de dependência emocional e destacou que escolheu o relacionamento como uma forma de apoio para sua vida, não como uma fuga da realidade.

No Japão, onde existe uma forte ligação cultural com personagens fictícios, a popularização das relações afetivas com inteligências artificiais tem levantado debates sobre os limites éticos e sociais desse tipo de vínculo. Pesquisas recentes apontam que chatbots são preferidos por alguns usuários para compartilhar sentimentos em comparação com amigos próximos ou familiares.

Segundo a empresa Dentsu, em pesquisa realizada em 2024 com mil pessoas entre 12 e 69 anos que utilizam chatbots ao menos uma vez por semana, o chatbot é a opção mais citada para dividir emoções, superando até contatos pessoais próximos. Contudo, tais uniões não têm reconhecimento legal no Japão ou em outros países.

Casamentos virtuais e relacionamentos com personagens de inteligência artificial vêm ganhando espaço em um contexto de avanços tecnológicos e mudanças nas formas tradicionais de socialização. Esses casos desafiam conceitos jurídicos, sociais e psicológicos sobre o que constitui um relacionamento e levantam questionamentos sobre o impacto dessas interações na saúde mental e na convivência social.

Para Yurina, a experiência trouxe uma nova visão sobre a vida, ressaltando que aspectos simples do cotidiano passaram a parecer mais valorizados e positivos. Mesmo diante dos questionamentos públicos, ela mantém a postura de que o relacionamento com a IA é uma escolha consciente e um suporte emocional para enfrentar o dia a dia.

Palavras-chave relacionadas: casamento virtual, inteligência artificial, relacionamento com IA, Japão, personagens digitais, realidade aumentada, vínculos afetivos, chatbot, dependência emocional, tecnologia e sociedade.

Fonte: g1.globo.com