Os Estados Unidos bloquearam totalmente petroleiros venezuelanos ligados a alvos de sanções na terça-feira (16), intensificando a disputa entre os dois países em meio à escalada de tensões recentes. A medida busca controlar o acesso às vastas reservas de petróleo da Venezuela, país que detém cerca de 17% das reservas mundiais conhecidas.
A Venezuela possui mais de 300 bilhões de barris de petróleo, segundo a Energy Information Administration (EIA), posicionando-se como a maior reserva comprovada do planeta, à frente de Arábia Saudita e Irã. A maior parte do petróleo venezuelano é extra-pesado, exigindo tecnologia avançada e altos investimentos para sua extração, o que limita sua produção efetiva.
Em 2025, o país produziu cerca de 1 milhão de barris por dia, conforme dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), nível inferior ao registrado em anos anteriores e distante da capacidade teórica. Sanções internacionais, principalmente dos EUA, restringem o acesso a capital e tecnologia, afetando a infraestrutura do setor.
Oficialmente, a Casa Branca justifica as sanções como parte de esforços para conter narcotráfico e atividades ilícitas. No entanto, analistas apontam que o interesse dos EUA concentra-se nas reservas petrolíferas venezuelanas, especialmente pela compatibilidade com refinarias norte-americanas situadas na Costa do Golfo.
Antes das sanções ampliadas em 2019, os Estados Unidos eram os principais compradores do petróleo venezuelano. Com as restrições, a Venezuela redirecionou suas exportações para a China, que oferece empréstimos em troca de petróleo. Esse movimento fortaleceu a relação energética entre Caracas e Pequim, inserindo o petróleo no centro da disputa geopolítica na região.
A produção e a exportação de petróleo permanecem fundamentais para a economia venezuelana, representando cerca de 58% da renda estatal em 2024. Em exportações, a estatal PDVSA faturou US$ 17,52 bilhões, com mais de US$ 10 bilhões destinados ao tesouro por meio de impostos e royalties.
O petróleo responde por metade das exportações do país, mantendo o predomínio do setor na economia nacional. Historicamente, chegou a representar mais de 90% das exportações totais, indicando a forte dependência da Venezuela dessa commodity para sustentar seu orçamento público.
Essa dependência torna a economia vulnerável a quedas nos preços e na produção, afetando diretamente as contas do governo. Estima-se que o setor contribua com 10-15% do Produto Interno Bruto (PIB), porém sustenta praticamente 100% do superávit primário do governo.
No primeiro semestre de 2025, a economia venezuelana cresceu 7,71%, impulsionada principalmente pelo setor de hidrocarbonetos, que registrou crescimento próximo a 15%. Apesar disso, as sanções impostas pelos Estados Unidos causaram prejuízos expressivos, com perda estimada em US$ 226 bilhões entre 2017 e 2024, valor superior ao PIB recente do país.
O impacto financeiro das restrições evidencia o papel central do petróleo na sustentação econômica da Venezuela e nas finanças públicas. A disputa pelo controle do mercado petrolífero venezuelano continua como um dos principais pontos da tensão entre Washington e Caracas, com reflexos na política internacional e na geopolítica regional.
________________________________
Palavras-chave: petróleo Venezuela, sanções EUA, reservas petrolíferas, PDVSA, exportação petróleo, mercado de petróleo venezuelano, geopolítica energia, produção petróleo, economia Venezuela, bloqueio petroleiros
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com

