A Latam abriu processo seletivo nesta terça-feira (15)

A Latam abriu processo seletivo nesta terça-feira (15) para contratar pilotos e copilotos que operarão a futura frota de Embraer E195-E2, prevista para iniciar operações em 2026, oferecendo bônus de até R$ 160 mil como incentivo. A companhia busca formar as tripulações para os novos aviões diante da escassez global de profissionais qualificados e projeta ampliar sua atuação no mercado sul-americano.

O edital prevê um bônus único de R$ 160 mil para comandantes e R$ 80 mil para copilotos aprovados no processo seletivo, com inscrições abertas até 4 de janeiro de 2026. As admissões começam em fevereiro, com treinamento específico antes da chegada das aeronaves. A medida ocorre em um cenário de demanda crescente por pilotos, situação que afeta o setor aéreo mundial.

A Latam tem um pedido de até 74 unidades do modelo Embraer E195-E2, sendo 24 confirmadas e 50 em opção de compra. A incorporação desses aviões faz parte de um plano estratégico para ampliar a malha aérea em 35 novos destinos, além dos 160 atuais, fortalecendo conexões regionais na América do Sul. O investimento está estimado em cerca de US$ 2,1 bilhões.

A nova frota possui tecnologia mais eficiente, com motores Pratt & Whitney GTF e sistemas fly-by-wire, que reduzem em até 30% o consumo de combustível por assento em relação a modelos anteriores, segundo informações da Latam e Embraer.

No processo seletivo, são exigidos requisitos rigorosos para os candidatos. Para comandantes, são necessárias 5 mil horas de voo em linhas aéreas regulares, incluindo 3 mil horas em jatos e 500 horas como piloto em comando em aeronaves similares ao E195-E2. Para copilotos, a exigência mínima é de 500 horas totais de voo, licença de piloto comercial e habilitações específicas.

Além das horas de voo, é necessário possuir certificações como ICAO nível 4 ou superior, certificado médico aeronáutico válido, passaporte brasileiro atualizado e carteira E-Jets E1 ou E2, ou experiência recente com essas aeronaves. O visto americano e curso superior completo são considerados diferenciais.

Uma das estratégias da Latam é atrair profissionais do mercado externo, especialmente porque a política interna impede a transferência de pilotos da frota atual para o E195-E2, por não considerar a migração para um modelo menor como promoção. A Azul é vista como a principal concorrente e origem possível desses novos pilotos, por operar aeronaves da mesma família Embraer. Exceções ocorrem apenas quando copilotos da própria Latam recusam promoções.

O setor aéreo enfrenta escassez de pilotos devido a fatores como aposentadorias em massa e a redução de investimentos na formação durante a pandemia de Covid-19. A demanda por profissionais aumentou, acompanhando o crescimento do tráfego aéreo. Pesquisa global indica que a profissão de piloto foi a mais procurada em 2024, com mais de 1,3 milhão de buscas.

Apesar do interesse, o custo para formar um piloto no Brasil pode chegar a centenas de milhares de reais, o que limita o acesso. Como resposta, companhias aéreas no mundo têm oferecido salários mais altos, bônus e benefícios para atrair e manter pilotos, o que pode elevar os custos operacionais e impactar o preço final das passagens aéreas.

No Brasil, a Latam atualmente emprega cerca de 2,3 mil pilotos e 5,2 mil comissários de voo em mais de 22 mil funcionários. A empresa opera em 59 aeroportos e planeja expandir para pelo menos 63 até 2026. O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, destacou que o investimento em novos modelos amplia as oportunidades para profissionais que buscam carreira de longo prazo na aviação.

Para mitigar a falta de pilotos, o debate inclui a proposta de aumento da idade limite de aposentadoria de 65 para 67 anos. Essa medida enfrenta resistência de sindicatos e órgãos reguladores e é vista por especialistas como uma solução temporária.

A contratação em massa e os bônus elevados indicam a intensificação da disputa por pilotos no setor aéreo, em meio a um mercado competitivo e em expansão, especialmente no Brasil e na América do Sul.

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Fonte: g1.globo.com