A uruçu-capixaba, espécie de abelha sem ferrão exclusiva

A uruçu-capixaba, espécie de abelha sem ferrão exclusiva das áreas montanhosas da Mata Atlântica no Espírito Santo, enfrenta risco de extinção devido à perda de habitat, uso de agrotóxicos e comércio ilegal de colmeias. Os pesquisadores alertam para o impacto ambiental e econômico da diminuição dessa abelha encontrada entre 800 e 1.200 metros de altitude.
Essa espécie, também conhecida como uruçu-negra, é fundamental para a polinização de plantas nativas e de cultivos importantes da agricultura local, como o café. Pesquisas indicam que até 90% das espécies vegetais brasileiras dependem da polinização feita por abelhas, destacando a urgência da preservação da uruçu-capixaba.
O desmatamento da Mata Atlântica e a substituição das florestas por áreas degradadas ou com espécies exóticas afetam diretamente o ambiente necessário para a sobrevivência da abelha. Além disso, o avanço do uso de agrotóxicos e o comércio ilegal contribuem para o declínio populacional, preocupando produtores rurais que dependem da polinização para a produção agrícola.
Segundo o professor Helder Canto, da Universidade Federal de Viçosa, a abelha realiza uma “tremedeira” dentro das flores, um comportamento que melhora a dispersão do pólen e aumenta a eficiência da polinização. Ele ressalta que a perda da uruçu-capixaba pode comprometer a reprodução das plantas, a produção de frutos e o equilíbrio dos ecossistemas locais.
A presença da espécie já foi registrada em 12 municípios capixabas, principalmente na Região Serrana. Na Reserva Ambiental Águia Branca, em Vargem Alta, as colmeias são monitoradas para acompanhar a recuperação e estudos da população. A aproximação do público também tem sido usada para aumentar a conscientização ambiental, segundo a bióloga Patrícia Bellon.
Produtores rurais, como Margarida Tonolli, relatam a importância da espécie para a manutenção das plantações e o aumento da produção agrícola. Ela destaca que a conservação das abelhas agora se tornou uma prioridade em sua propriedade, após o reconhecimento da função essencial do inseto.
Para ampliar o conhecimento sobre a uruçu-capixaba, um documentário intitulado “Na Imensidão do Pequeno” foi lançado em novembro, com apoio de instituições de pesquisa e incentivo à conservação. Reinaldo Lourival, diretor-executivo do Instituto Terra Brasilis, afirma que a valorização emocional da espécie pode fortalecer movimentos de preservação.
Além do documentário, tecnologias interativas têm ajudado no processo educativo. O jogo “Be a Bee – Seja uma Abelha” e o uso de realidade virtual permitem que estudantes compreendam o papel vital das abelhas na conservação da Mata Atlântica. O estudante Miguel Leon, de 11 anos, participou da experiência, destacando o aprendizado proporcionado pela ferramenta.
Projetos voltados à conservação buscam reintroduzir a uruçu-capixaba em áreas protegidas e estimular o reflorestamento regional para garantir a sobrevivência da espécie no futuro. Helder Canto reforça a importância de conservar as florestas e levar as abelhas de volta à natureza, recuperando colônias em propriedades privadas e unidades de conservação.
O futuro da uruçu-capixaba depende da combinação entre recuperação ambiental, controle do uso de agrotóxicos e ações de educação ambiental. A extinção da espécie provocaria impactos negativos não só na biodiversidade local, mas também na produção agrícola e na economia capixaba.
—
Palavras-chave para SEO: uruçu-capixaba, abelha sem ferrão, Espírito Santo, Mata Atlântica, polinização, conservação ambiental, extinção de espécies, agrotóxicos, desmatamento, biodiversidade, agricultura capixaba, reflorestamento, educação ambiental.
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com