O rapper cearense Matuê lançou, na última quarta-feira

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O rapper cearense Matuê lançou, na última quarta-feira (10), o álbum “Xtranho” no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, em um evento que reuniu milhares de fãs e contou com grande investimento em marketing. O álbum é apresentado como um manifesto do trap underground com sonoridade disruptiva, mas uma análise crítica aponta que ele representa um retrocesso em relação aos trabalhos anteriores do artista.

Matuê, que ganhou destaque na cena do trap brasileiro com seu álbum “333” lançado em 2024, consolidou uma identidade sonora própria ao misturar referências que vão do reggae ao indie rock psicodélico. Naquele disco, o rapper abordou temas filosóficos e discutiu o sucesso de forma mais elaborada, o que o colocou entre os artistas mais respeitados do gênero no país.

Em “Xtranho”, porém, o cantor opta por uma abordagem mais elementar e cerca seu trabalho de referências mais tradicionais do trap americano, como Travis Scott, Metro Boomin e Playboi Carti. A produção mantém as distorções e as texturas imersivas comuns nesse estilo, mas não apresenta inovações relevantes, o que gera uma impressão de repetição em vez de ruptura.

As parcerias com artistas menos conhecidos, como a cantora capixaba Kouth em “Ícone Fashion” e a paulistana Cashley em “Autobahn”, tentam fortalecer a presença feminina no trap, o que pode ser considerado um ponto positivo do álbum. No entanto, algumas faixas que tentam ser mais intensas e agressivas, como “Facas e Machados” com Fab Godamn e Okie, perdem força por letras consideradas simples e pouco inspiradas.

Liricamente, o álbum se distancia do discurso mais complexo e introspetivo que Matuê desenvolveu em trabalhos anteriores. As letras voltam-se para temas tradicionais de ostentação, mas de forma superficial, refletindo uma postura que soa mais adolescente do que madura. Isso fica evidente no uso de expressões e tons que remetem a atitudes juvenis.

Um dos momentos controversos do álbum é a música “Rei Tuê”, que inclui o áudio viral de uma menina relatando uma suposta agressão durante um show do rapper Don Toliver no festival The Town em setembro de 2025, em São Paulo. Esse recurso foi interpretado por críticos como uma tentativa de provocação que pode ser considerada insensível, especialmente dado o contexto do tema.

O álbum parece buscar agradar a um público jovem e segmentado, que percebe esse tipo de conteúdo como disruptivo. Ao mesmo tempo, o álbum enfrenta críticas de fãs mais conservadores do trap brasileiro, que esperavam uma maior fidelidade aos elementos mais crus do gênero. A adoção de um padrão mais tradicional pode ser uma resposta a essas críticas, mas restringe o alcance do trabalho.

Para um artista que já demonstrou capacidade de ultrapassar barreiras estilísticas e alcançar um patamar elevado na música brasileira, “Xtranho” representa uma inversão na trajetória. Enquanto Matuê se consolida como principal nome do trap nacional, o novo álbum indica uma redução das ambições criativas e uma volta a fórmulas já consolidadas no mercado.

Em suma, “Xtranho” não cumpre a promessa de inovar e desafiar as regras comerciais do trap. Para além do público adolescente, o álbum pode não convencer aqueles que aguardavam uma evolução artística consistente do rapper. O trabalho é recebido como uma tentativa de reafirmação do estilo mais tradicional do trap, com resultados discutíveis.

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Fonte: g1.globo.com

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Fonte: g1.globo.com

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