As Maldivas tornaram-se um destino turístico mais acessível

As Maldivas tornaram-se um destino turístico mais acessível após reformas que permitiram o desenvolvimento do turismo em ilhas habitadas, afastando o modelo exclusivo dos resorts de luxo. Atualmente, visitantes podem escolher entre pousadas locais e resorts de classe média, conhecendo a cultura local e ampliando o acesso ao arquipélago do Oceano Índico.

Nas últimas décadas, o turismo nas Maldivas estava restrito a resorts em ilhas particulares, inacessíveis para a maioria dos viajantes. A mudança ocorreu quando o governo autorizou moradores a abrir pensões em ilhas habitadas, criando uma nova dinâmica no setor. Segundo o Ministério do Turismo, há mais de 1,2 mil pensões organizadas em cerca de 90 ilhas, oferecendo hospedagem mais econômica e contato direto com a população local.

Um exemplo disso é a ilha de Thoddoo, localizada no atol North Ari, que se distancia do padrão dos resorts próximos à capital Malé. O acesso se dá por lancha coletiva, com custo significativamente menor do que os hidroaviões usados pelos turistas dos resorts. A ilha mantém um estilo de vida rural, com plantação de melancias e cultivo local, além da ausência de carros, substituídos por bicicletas e carrinhos elétricos.

A pousada Serene Sky, gerida por Ahmed Karam, ex-presidente da Associação das Pensões das Maldivas, é um retrato dessas mudanças. Karam destaca que o turismo agora traz benefícios diretos às comunidades locais e reforça a consciência ambiental necessária para preservar o ecossistema. O atendimento inclui refeições caseiras feitas com ingredientes frescos da região.

Além das pensões familiares, os resorts de propriedade local também adotam práticas de turismo sustentável. O Sun Siyam Olhuveli, no atol South Malé, é um resort de classe intermediária que combina conforto com iniciativas ambientais. O empreendimento oferece pacotes all inclusive, facilitando a estadia de famílias que buscam explorar os recifes sem os altos custos dos resorts de luxo.

O resort promove programas de conservação, como limpeza de praias, plantio de corais e proibição gradual do plástico descartável. A política ambiental das Maldivas avança com metas para que 33% da eletricidade seja gerada por fontes renováveis até 2028, buscando reduzir a pegada de carbono e proteger os frágeis ecossistemas marinhos.

Segundo o ministro do Turismo e Meio Ambiente, Thoriq Ibrahim, o país prioriza o desenvolvimento turístico sem sacrificar o meio ambiente, reconhecendo que a natureza intocada é o maior recurso das Maldivas. Com o crescimento da hospedagem local e resorts sustentáveis, o arquipélago oferece experiências que unem autenticidade cultural e conforto.

A transformação do turismo nas Maldivas concede oportunidades para famílias e viajantes que antes não conseguiam arcar com os custos de um destino exclusivo. As pousadas locais proporcionam contato direto com o cotidiano, enquanto os resorts acessíveis garantem infraestrutura adequada e programas de preservação ambiental.

Para quem planeja visitar as Maldivas, recomenda-se dividir a estadia entre pousadas e resorts para vivenciar a diversidade cultural e o conforto. O transporte por lancha coletiva é econômico, e o uso de equipamento adequado, como filtro solar seguro e calçados para recifes, é essencial para preservar o ambiente. Respeitar os costumes locais e utilizar praias designadas para trajes de banho também são práticas indicadas para os turistas.

Os preços refletem a ampliação do público: pensões custam entre US$ 50 e US$ 60 por noite, enquanto resorts intermediários como o Sun Siyam Olhuveli cobram a partir de US$ 499, e o ultraluxo fica acima de US$ 1 mil por diária. Essa diversificação permite que o destino se torne mais inclusivo, mantendo a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico das comunidades.

As mudanças nas Maldivas revelam um destino em transição, em que o turismo expansivo caminha junto à sustentabilidade e à valorização da cultura local. O arquipélago se distancia do modelo restrito ao luxo, tornando o paraíso insular acessível a um público maior, com experiências autênticas e consciência ambiental.

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Fonte: g1.globo.com