Filme peruano chavín de huántar bate recorde de público e ge

O filme “Chavín de Huántar: O resgate do século” estreou no Peru em março de 2024 e bateu o recorde de 1 milhão de espectadores em pouco mais de um mês, tornando-se uma das produções mais vistas da história do país. O longa retrata a operação militar peruana que em 1997 resgatou 72 reféns da residência do embaixador japonês em Lima, episódio que marcou a história peruana.

O filme apresenta cenas de ação com explosões reais, uso de armas autênticas e contou com a consultoria dos militares que participaram da missão. O roteiro foca nas fragilidades e medos dos soldados, além de reproduzir com precisão os túneis e a residência invadida. A produção tem sido associada ao impacto do filme brasileiro “Tropa de Elite”, por seu estilo e temática militar.

Enquanto parte do público e da crítica elogia o realismo e a construção da tensão ao longo de 90 minutos, há controvérsias sobre a abordagem do filme. Alguns críticos apontam um viés ideológico favorável aos militares, que não inclui o contexto político e as complexidades do conflito. O roteiro recebe críticas por apresentar personagens estereotipados e diálogos simplificados.

Além disso, a trilha sonora e alguns efeitos especiais foram considerados exagerados ou pouco convincentes. A representação dos reféns é questionada pela falta de credibilidade em seu comportamento durante o longo período de cativeiro. Também é destacada a ausência de uma abordagem mais profunda sobre os militantes do Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA), responsáveis pela ação, e sobre as falhas do governo peruano antes da crise.

Um ponto que gerou polêmica é a omissão do então presidente Alberto Fujimori na narrativa. Sua filha, Keiko Fujimori, criticou a ausência do papel do pai na aprovação e coordenação da operação de resgate. O diretor e roteirista espanhol Diego de León afirma que a intenção foi concentrar a história nos “heróis militares”, optando por não trazer um viés político ao filme.

A operação real ocorreu entre dezembro de 1996 e abril de 1997, quando militantes do MRTA tomaram a residência do embaixador japonês, mantendo 72 pessoas reféns por 126 dias. O exército peruano executou o ataque após cavar túneis sob o local, usando cargas explosivas para neutralizar os sequestradores e libertar os reféns. Todos os membros do MRTA foram mortos durante a ação.

Além das discussões sobre o roteiro, o filme também ignora relatos de execuções extrajudiciais. Testemunhos de um médico militar, representantes da Cruz Vermelha e de um refém indicam que ao menos três capturados vivos pelo exército foram mortos depois. O documentário não aborda essas acusações nem inconsistências na morte de um refém crítico ao governo Fujimori.

Apesar das críticas, a produção chamou a atenção por seu realismo e teve papel importante em reavivar o orgulho nacional em relação à operação. Filósofos do cinema peruano destacam que “Chavín de Huántar” representa um avanço na indústria cinematográfica local, com a ambição de alcançar níveis internacionais.

No entanto, a omissão de aspectos políticos e sociais do episódio limita o entendimento completo dos eventos para o público. A obra privilegia a narrativa heroica e a ação, deixando de lado questões complexas e controversas que envolvem o contexto da crise.

Em resumo, “Chavín de Huántar: O resgate do século” é um sucesso de bilheteria que reconta um episódio histórico peruano com ênfase na ação militar e no heroísmo, ao mesmo tempo em que gera debates sobre sua abordagem parcial e falhas técnicas. A produção ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

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Fonte: g1.globo.com