A Polícia Federal e as Polícias Civis de diversos estados

A Polícia Federal e as Polícias Civis de diversos estados brasileiros desvendaram dados de criminosos envolvidos em serviços ilegais de streaming na deep web durante a oitava fase da Operação 404, realizada na última quinta-feira (27). A ação retirou do ar 535 sites e um aplicativo usados para transmissão pirata, com o objetivo de combater a atuação do chamado “gatonet” no Brasil.

Desde 2019, a Operação 404 utiliza diversas estratégias para identificar plataformas ilegais, incluindo monitoramento de grupos no Telegram e investigações na deep web, setor da internet que não é indexado por buscadores tradicionais. Segundo Rodney da Silva, chefe da força-tarefa e diretor de Operações e Inteligência do Ministério da Justiça, as equipes policiais também aproveitaram dados fornecidos por pessoas ligadas ao esquema, como números de telefone para contato e contas bancárias para pagamento, que auxiliaram na identificação dos centros da pirataria.

Os policiais ainda rastrearam endereços de IP, que funcionam como um RG digital de servidores, para localizar fisicamente os dispositivos utilizados na disseminação dos conteúdos piratas. A operação é independente da investigação recente realizada na Argentina, que derrubou 22 aplicativos similares no domingo (30).

A oitava fase contou com a participação das Polícias Civis de 15 estados, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. As informações coletadas pelo Ministério da Justiça foram repassadas para os órgãos estaduais, que cumpriram 44 mandados de busca e apreensão, resultando em sete prisões, sendo quatro preventivas e três em flagrante.

No estado de São Paulo, dois homens foram presos por comandar um esquema ilegal de streaming com canais por assinatura e transmissão de jogos eletrônicos. As centrais que operavam o serviço foram desativadas, e aparelhos como computadores e celulares foram apreendidos para investigação.

Além das forças policiais, a operação contou com a participação de órgãos reguladores, como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), e recebeu apoio internacional de autoridades da Argentina, Equador, Paraguai, Peru e Reino Unido.

Rodney da Silva destacou que o crime organizado vem migrando para o ambiente digital, utilizando equipamentos de informática em vez de armas tradicionais. A investigação ainda busca esclarecer possíveis conexões entre o esquema e facções criminosas conhecidas no país.

Com a desativação dos serviços piratas, consumidores que pagaram por assinaturas recorreram a canais de reclamação, como o ReclameAqui. Entretanto, o Procon-SP lembrou que ao adquirir produtos ou serviços irregulares, o consumidor renuncia a direitos legais. A Anatel recomenda que os usuários de TV boxes adquiram apenas aparelhos certificados para garantir segurança e evitar envolvimento em práticas ilegais.

A Operação 404 representa um esforço integrado para combater a pirataria digital no Brasil, apontando para a crescente adaptação do crime organizado às tecnologias disponíveis na internet.

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Fonte: g1.globo.com