A Espanha convocou o exército para atuar na

A Espanha convocou o exército para atuar na contenção da peste suína africana após a detecção dos primeiros casos da doença em 30 anos no país. Dois javalis encontrados mortos próximos a Barcelona testaram positivo para o vírus, segundo o Ministério da Agricultura, na sexta-feira (28). A mobilização militar tem como objetivo evitar a disseminação da doença para as criações comerciais de porcos e salvaguardar a produção de carne suína, um setor estratégico para a economia espanhola.

A doença foi identificada em javalis na região próxima à rodovia AP-7, que conecta a Espanha à França. Autoridades locais suspeitam que o vírus tenha sido transmitido após um dos animais ingerir alimento contaminado, possivelmente um sanduíche descartado no lixo. Desde o surgimento dos casos, oito suspeitas adicionais estão sendo investigadas, e espera-se que novos registros sejam confirmados. A peste suína africana não representa risco para a saúde humana, mas é altamente letal para suínos, levando a quadros graves com hemorragias, desânimo e óbito rápido dos animais.

O Ministério da Agricultura espanhol coordenou a intensificação das medidas de contenção a partir do domingo (30), mobilizando 300 policiais e agentes rurais, seguidos por 117 militares da unidade de emergência das Forças Armadas. Equipamentos como drones estão sendo usados para localizar e eliminar javalis infectados. Também foram estabelecidas barreiras para delimitar a área afetada, proibida a caça na região e realizadas ações de remoção e destruição das carcaças dos animais contaminados, visando evitar a propagação do vírus para outras áreas.

A Espanha é o maior produtor de carne suína da União Europeia e o terceiro maior do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. O país exporta anualmente cerca de € 8,8 bilhões, sendo 60% para países do bloco europeu e o restante para mercados como a China. Após a confirmação do surto, a Espanha interrompeu a exportação de carne suína produzida em um raio de 20 km em torno dos casos detectados para o mercado europeu. Além disso, suspendeu temporariamente as exportações para a China, aguardando a confirmação de protocolos sanitários específicos.

Outros países também reagiram ao surto. O Reino Unido anunciou a suspensão temporária de importações de carne suína da Catalunha, enquanto Taiwan e México proibiram a entrada de qualquer produto suíno originário da Espanha. Essas medidas refletem o receio da disseminação da doença em mercados importantes para a indústria suína espanhola, que já enfrenta desafios adicionais em razão da circulação da peste suína africana em várias nações da Europa Ocidental.

Desde 1994, a Espanha não registrava casos de peste suína africana. A doença tem se espalhado por 13 países europeus nos últimos anos, afetando tanto populações selvagens de javalis quanto criações domésticas, com impacto direto nas economias agrícolas. Alguns países, como Bélgica, Suécia e República Tcheca, conseguiram erradicar a doença após a adoção de rígidos controles e medidas de vigilância.

A ausência de vacina e de tratamento para a peste suína africana reforça a necessidade de ações rápidas e coordenadas para conter suínos infectados e prevenir a contaminação das áreas livres do vírus. O setor de produção de porco, vital para a Espanha, está sob monitoramento e proteção reforçada para evitar perdas maiores e preservar a cadeia produtiva e as exportações.

A confirmação do surto mobilizou autoridades, produtores e órgãos internacionais em uma resposta conjunta, destacando a importância da vigilância sanitária e do controle rigoroso para superar o desafio representado pela peste suína africana. Os próximos dias serão decisivos para a extensão do controle da doença no país.

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Fonte: g1.globo.com