Os Correios terão de pagar R$ 118,5 milhões a mais

Os Correios terão de pagar R$ 118,5 milhões a mais em juros após renegociarem duas vezes o empréstimo de R$ 1,8 bilhão tomado em junho de 2025. A informação consta nas demonstrações financeiras do terceiro trimestre divulgadas na sexta-feira (28) e reflete a elevação da taxa efetiva de juros e a antecipação do pagamento das parcelas.
O custo extra decorre de dois aditivos assinados entre agosto e setembro que elevaram a taxa anual de 21,99% para 25,67% e encurtaram o período de carência do empréstimo, antecipando o início do pagamento. A renegociação foi motivada pelo descumprimento de um limite contratual relacionado ao registro contábil de precatórios, conhecido como covenant.
O contrato original, firmado em 4 de junho, estabelecia vencimento final para 28 de novembro de 2026, taxa de juros de CDI mais 3% ao ano, com encargos totais previstos de R$ 367,4 milhões e pagamento dividido em seis parcelas a partir de junho de 2026. Após os aditivos, os juros passaram a variar de CDI+3% a CDI+5% ao ano, os encargos totais subiram para R$ 485,9 milhões, e as parcelas foram antecipadas, totalizando 11 pagamentos mensais a partir de janeiro de 2026.
Além da elevação dos juros, a renegociação incluiu a cobrança de R$ 83,7 milhões de taxa de contratação e R$ 44,8 milhões de taxa de renegociação, elevando o custo total do empréstimo para os Correios.
O relatório financeiro mostra que a estatal acumula R$ 6 bilhões em prejuízo em 2025, marcando o 13º trimestre consecutivo no vermelho. O aumento das despesas financeiras contribui para esse resultado. Os Correios já pagaram R$ 26 milhões em juros ao banco Daycoval e R$ 173 milhões ao Banco ABC, referentes a um empréstimo de R$ 550 milhões tomado em dezembro de 2024. Do crédito de R$ 1,8 bilhão captado em junho, R$ 109 milhões foram pagos em juros até o momento.
Ainda na sexta-feira (28), o Conselho de Administração autorizou a busca por um novo empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, mas sem formalização. A expectativa é que metade do valor seja liberada ainda em 2025 e o restante em duas parcelas de R$ 5 bilhões em 2026. O novo financiamento é considerado essencial pela direção dos Correios para a recuperação financeira e implementação do plano de reestruturação.
No entanto, na terça-feira (2), o Tesouro Nacional rejeitou a proposta do consórcio de bancos para o empréstimo, citando como motivo a alta taxa de juros oferecida, equivalente a 136% do CDI. Com essa rejeição, a operação está paralisada.
Em nota, os Correios afirmaram que a renegociação garantiu estabilidade financeira durante um período crítico e que o aumento dos custos decorre do ajuste contratual após descumprimento de cláusula contábil. A estatal também informou que contratou uma consultoria para reforçar os controles internos e aprimorar os critérios de provisão e contingência.
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Fonte: g1.globo.com
Fonte: g1.globo.com