Lula negocia com trump cooperação para combater crime organi

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta segunda-feira (1º) com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma cooperação direta no combate ao crime organizado no Brasil. A negociação abordou lavagem de dinheiro, recuperação de patrimônio no exterior e controle da entrada de armas ilegais no país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo brasileiro identificou ligações entre organizações criminosas no Brasil e estruturas financeiras nos Estados Unidos. Segundo ele, um trabalho conjunto com a Receita Federal revelou conexões que utilizam a legislação americana para lavar dinheiro ilícito oriundo do Brasil.

Segundo Haddad, parte desses recursos volta ao país disfarçada de investimentos legítimos em empresas e propriedades. “O crime organizado está usando um país que tem relação diplomática conosco há mais de 200 anos para lavagem de dinheiro”, explicou o ministro.

A Receita Federal já identificou 15 fundos no estado de Delaware, Estados Unidos, usados para movimentações financeiras ilegais. Haddad destacou que esses fundos, protegidos por uma legislação local que não exige identificação dos titulares, foram desmascarados pela Receita devido à origem ilícita dos recursos.

As estruturas criminosas, compostas por laranjas e representantes tanto no Brasil quanto nos EUA, já estão mapeadas. Haddad afirmou que o conjunto probatório, robusto, foi encaminhado ao Ministério Público Federal e aos Ministérios Públicos estaduais para investigação e eventual ação judicial.

Parte dos recursos lavados permanece nos EUA sob a forma de patrimônios como mansões, iates e participações empresariais. O ministro declarou que, com a colaboração do governo americano, esses ativos poderão ser recuperados para ressarcir a União e estados brasileiros.

Haddad também relacionou o esquema criminal à chamada “máfia dos combustíveis”. Ele lembra que operações recentes, como Carbono Oculto e Poço de Lobato, apresentaram evidências dessa ligação.

Em um levantamento feito pela Receita Federal, foram identificados R$ 70 bilhões em movimentações financeiras do grupo econômico suspeito nos últimos 12 meses. Somente uma operação teria enviado ao exterior R$ 1,2 bilhão. O ministro afirmou que os valores passíveis de recuperação podem atingir bilhões de reais.

Outro tema discutido entre Lula e Trump foi a entrada de armas ilegais nos portos brasileiros vindas dos Estados Unidos. Haddad revelou que fuzis, desmontados ou inteiros, têm sido contrabandeados em contêineres que não passam por escaneamento nos portos americanos.

O pedido do governo brasileiro é que os EUA apliquem o mesmo rigor usado para inspecionar contêineres com drogas também aos contêineres com mercadorias destinadas ao Brasil. Segundo o ministro, armas americanas abastecem o crime organizado em várias comunidades brasileiras.

Haddad avaliou que a conversa entre os presidentes foi positiva e que Trump reagiu de forma alinhada às expectativas do governo brasileiro. Ele informou ainda que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos já recebeu parte da documentação enviada pelo Brasil, que está sendo traduzida.

O ministro enfatizou que esta pode ser a abertura de uma relação inédita, equilibrada e simbiótica entre os dois países, baseada em compromissos mútuos de cooperação.

Além dos temas ligados ao combate ao crime, Haddad disse que a pauta comercial entre Brasil e EUA também foi debatida, incluindo as barreiras impostas pelos EUA a produtos brasileiros, conhecido como tarifaço. O ministro afirmou que houve boa receptividade do governo americano e garantiu que o Brasil continuará trabalhando para que as empresas brasileiras sejam isentas dessas tarifas consideradas injustas.

Palavras-chave: Lula, Donald Trump, cooperação internacional, crime organizado, lavagem de dinheiro, recuperação de patrimônio, armas ilegais, Receita Federal, máfia dos combustíveis, tarifas comerciais, operações policiais, Estados Unidos, Brasil, Ministério Público Federal.

Fonte: g1.globo.com