Após reportagem do g1, o TikTok bloqueou hashtags relacionad

Após reportagem do g1, o TikTok bloqueou hashtags relacionadas a conteúdo de meninas que se apresentavam como casadas entre 13 e 15 anos, incluindo #casadaaos14. A medida foi tomada em 2023 após a divulgação da circulação desses vídeos na plataforma, que violam a legislação brasileira que proíbe o casamento antes dos 16 anos.
A plataforma removeu parte dos vídeos, perfis e as hashtags específicas citadas na reportagem, justificando a ação com base nas Diretrizes da Comunidade. No entanto, algumas variações das hashtags continuam disponíveis, assim como vídeos sem legendas originais sobre o tema.
Antes do bloqueio, as hashtags #casadaaos13, #casadaaos14 e #casadaaos15 exibiam respectivamente 32, 213 e 582 vídeos. Após a ação do TikTok, essas buscas passaram a mostrar a mensagem “Não foi possível localizar esta hashtag”. Apesar disso, vídeos com a hashtag #casadaaos14 ainda podem ser encontrados em perfis ativos, sem as legendas originais ou emojis.
Um dos vídeos mais populares, publicado em 2023, mostrava a rotina de uma jovem que dizia estar casada aos 14 anos e acumulava mais de 183 mil curtidas e 2,6 mil compartilhamentos. A conta responsável, com cerca de 190 mil seguidores e dedicada ao cotidiano doméstico da adolescente supostamente casada, permanece ativa, mas o vídeo em questão foi removido.
Além do bloqueio direto das hashtags principais, outras variações, como #casadaaos14anos, que conta com 41 publicações, e hashtags referentes a idades até menores que 13 anos, seguem acessíveis na plataforma.
Especialistas afirmam que a medida do TikTok limita o acesso, mas não elimina completamente o conteúdo. Raquel Saraiva, presidente do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec), acredita que faltou uma atuação mais ampla para remover as variações das hashtags.
Manu Halfeld, do Instituto Alana, destaca que a plataforma adotou uma “desindexação”, que impede a busca dessas hashtags, mas deixa os vídeos ativos e acessíveis diretamente. Segundo ela, é necessário entender se há outras estratégias de moderação para conter a disseminação desses conteúdos.
A moderação atual das plataformas é eficiente para conteúdos explícitos, como nudez, mas apresenta dificuldade para temas que envolvem contextos culturais e legais complexos, como o casamento infantil, segundo Raquel Saraiva. A ações automatizadas não conseguem identificar todos os níveis de conteúdo potencialmente nocivo.
Manu reforça a importância de profissionais com conhecimento aprofundado para colaborar na moderação e na identificação de riscos emergentes, além das ferramentas automatizadas.
Em nota, o TikTok informou que bloqueia termos e hashtags na busca e remove perfis e vídeos que violam suas diretrizes. A empresa não explicou por que não removeu todas as variações de hashtags, mas disse que essa avaliação está em andamento.
Raquel destaca que bloquear hashtags limita o acesso, mas o uso de palavras-chave envolve monitoramento constante. Novas formas de burlar os sistemas, como substituição de letras por números, surgem frequentemente, dificultando a moderação.
Mariana Zan, do Instituto Alana e membro da Coalizão de Direitos nas Redes, classificou esse tipo de conteúdo como uma romantização do casamento infantil, ao apresentar o tema como algo aceitável e até positivo para adolescentes. Ela afirma que isso contribui para a naturalização e minimização da gravidade da violação de direitos.
O casamento infantil é proibido no Brasil para menores de 16 anos, mesmo com consentimento dos pais. A circulação desses conteúdos em redes sociais levanta debates sobre a responsabilidade das plataformas em coibir a disseminação de práticas ilegais e potencialmente nocivas.
O TikTok avançou na moderação após a repercussão da reportagem, mas especialistas recomendam medidas mais amplas e estruturadas para evitar que o assunto continue presente na plataforma, mesmo que de forma menos visível.
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Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com