O chapéu de bruxa, símbolo popular associado à feitiçaria, tem origens que remontam à Idade do Bronze, passando por vários contextos históricos antes de consolidar sua imagem atual na cultura popular. Pesquisas indicam que recentemente, em novembro de 2024, a personagem Elphaba, de Wicked: Parte 2, trouxe nova visibilidade ao acessório ao reinterpretá-lo no cinema.
Chapéus cônicos foram encontrados em objetos arqueológicos, como em múmias chinesas datadas entre os séculos 4 e 2 a.C., com adereços dourados e símbolos astronômicos, associados ao poder dos sacerdotes. Ao longo da história, chapéus pontiagudos conhecidos como capirotes foram usados não como símbolos mágicos, mas como instrumentos de punição e identificação forçada para heréticos e minorias religiosas. No século 13, judeus foram obrigados a usar chapéus cônicos para identificação, prática que persistiu durante a Inquisição Espanhola, iniciada em 1478.
No século 18, o artista Francisco Goya representou este tipo de chapéu em seu quadro O Voo das Bruxas (1798), considerado uma crítica satírica à superstição da época. A imagem de bruxas com chapéus pontiagudos, associada à escuridão e à ignorância, aparece em xilogravuras que influenciaram a cultura visual ocidental.
Na Idade Média, mulheres cervejeiras, chamadas de alewives, usavam chapéus pontiagudos. Essas mulheres, especialistas em fitoterapia, foram associadas à feitiçaria por populações supersticiosas, ainda que historiadores, como a professora Laura Kounine, afirmem que essa conexão tenha sido construída posteriormente. Kounine destaca que, antigamente, o que distinguia as supostas bruxas do resto da população era justamente o fato de não usarem chapéus, exibindo cabelos soltos que simbolizavam ruptura com as normas sociais.
O uso do chapéu cônico como símbolo de bruxa popularizou-se a partir do século 17, especialmente nas artes e literatura. O livro As Maravilhas do Mundo Invisível (1693), de Cotton Mather, mostra figuras femininas com chapéus pontiagudos, mas sua relação com a bruxaria não era exclusiva, pois chapéus desse tipo estavam na moda. Retratos do século 17 mostram mulheres nobres usando chapéus cônicos altos, sem vínculo com práticas ocultas.
Na literatura infantil, a figura da bruxa com chapéu pontiagudo ganhou força com O Maravilhoso Mágico de Oz (1900), de Frank L. Baum, e sua adaptação para o cinema em 1939. A personagem da Bruxa Má do Oeste, interpretada por Margaret Hamilton, consolidou a imagem do chapéu junto a uma aparência de maldade, influenciando gerações.
Nas últimas décadas, o estereótipo da bruxa idosa e malvada tem sido ressignificado. O movimento feminista reapropriou o símbolo, associando-o a valores como solidariedade feminina, cura holística e independência. A bruxa passou a ser vista como um ícone de resistência contra a misoginia e o patriarcado, expressa em frases populares e personagens de séries e filmes recentes.
O musical Wicked e suas adaptações cinematográficas, entre elas Wicked: Parte 2, lançada em novembro de 2024, contribuíram para essa nova leitura. O estilista Paul Tazewell reinterpretou o chapéu de Elphaba, conferindo-lhe uma forma mais fluida e simbólica, em contraste com a visão tradicional do acessório como um objeto assustador.
Em suma, o chapéu de bruxa é um item multifacetado, com significados que variam segundo o contexto histórico e cultural. Sua imagem atual é fruto de um processo de construção simbólica ao longo de séculos, refletindo tanto as crenças populares quanto as transformações sociais e artísticas. Hoje, ele funciona como um emblema aberto à interpretação, presente em festivais, cultura pop e movimentos identitários.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com

