O cantor e compositor Lenine lançou na sexta-feira

O cantor e compositor Lenine lançou na sexta-feira (28) o álbum “Eita”, com 11 músicas inéditas de repertório autoral, marcando seu retorno após dez anos sem disco de inéditas. O trabalho traz uma produção musical de Bruno Giorgi e direção artística do próprio Lenine, que completa 67 anos em 2 de fevereiro.

Gravado no Rio de Janeiro, “Eita” reafirma as raízes nordestinas de Lenine, natural de Recife (PE), e resgata elementos percursivos e rítmicos característicos de sua trajetória iniciada há mais de três décadas. O álbum apresenta um som coeso, com destaque para o violão percussivo e para arranjos que incluem a sanfona de Mestrinho e a participação de músicos como Carlos Malta, Henrique Albino e Martin Fondse.

O disco abre com a faixa “Confia em mim”, composta por Lenine e Dudu Falcão, que transmite uma mensagem de esperança em tempos incertos. O repertório traz colaborações com nomes como o poeta Arnaldo Antunes, coautor de “Deita e dorme”, além de participações especiais de vozes nordestinas como Maria Bethânia, Maria Gadú, Siba e o grupo Bongar.

Ao longo do álbum, o artista exalta a cultura do Nordeste, refletida em faixas como “O rumo do fogo”, dedicada à política ambiental e aos ativistas indígenas Ailton Krenak e Davi Kopenawa; e “Meu xamêgo”, dedicada à companheira Anna Barroso. A música “Foto de família”, composta com o filho João Cavalcanti, traz um tom nostálgico e é enriquecida com os vocais de Maria Bethânia.

A produção valoriza a criação em estúdio como parte essencial da obra, com atenção especial à mistura e ao arranjo, refletindo a experiência de Lenine como instrumentista e produtor. A arte da capa, uma linogravura da artista visual Luiza Morgado, complementa a identidade do álbum e reforça suas ligações com a cultura nordestina.

“Eita” é o nono álbum de estúdio da carreira solo de Lenine, que teve início em 1997 com “O dia em que faremos contato”, consolidando sua presença na música brasileira. O novo trabalho mantém a coerência artística do músico, apresentando uma sonoridade que traciona para o cancioneiro regional sem deixar de dialogar com influências contemporâneas.

O lançamento chega em um momento em que o artista reafirma sua fé no inesperado diante das transformações sociais e ambientais do país. Segundo ele, o álbum representa uma espera por tempos mais iluminados, carregando mensagens que refletem inquietações atuais e um posicionamento político ativo.

No repertório, a diversidade rítmica inclui o maracatu em “O rumo do fogo” e o forró em “Motivo”, esta última com arranjos tradicionais do zabumba, triângulo e coquinho sob a execução de Durval. Esses elementos ressaltam a qualidade técnica das gravações e a integração entre a música nordestina e o rock, jazz e outros gêneros explorados pelo artista.

Com seu formato de estúdio, “Eita” apresenta um Lenine revisitado, ainda ligado à força cultural do seu Recife natal e ativo no debate político e social do Brasil contemporâneo. O álbum ganhou destaque também pelo uso da interjeição “Eita” na faixa-título, com participações de figuras como a cantora Alcione, Djavan, Ivete Sangalo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reforçando o estoque simbólico da obra.

Assim, o disco reafirma Lenine como um nome relevante da música brasileira, atuando tanto como compositor quanto intérprete e produtor. Ele mantém uma narrativa que mistura lirismo, crítica social e celebração cultural, exibindo um repertório que dialoga com diferentes gerações e realidades.

“Eita” está disponível nas principais plataformas digitais e físicas, oferecendo um registro de Lenine como artista em permanente busca por renovação, sem abrir mão da tradição que marcou sua trajetória. O álbum soma-se à discografia do músico como um documento atual, que representa resistência cultural e reflexão sobre o momento brasileiro.

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Fonte: g1.globo.com