A Black Friday, evento de descontos que movimentou

A Black Friday, evento de descontos que movimentou R$ 7,93 bilhões no comércio online do Brasil em 2024, teve origem nos Estados Unidos e é celebrada mundialmente, incluindo países como Canadá, México e Brasil. A data ocorre tradicionalmente após o feriado de Ação de Graças nos EUA e cresce anualmente em vendas, projetando R$ 9,08 bilhões para 2025 no comércio eletrônico brasileiro, segundo dados da Abiacom.
O termo “Black Friday” surgiu no século 19 nos Estados Unidos, inicialmente ligado a crises financeiras. Em 1869, foi usado para descrever um colapso na Bolsa de Nova York durante uma tentativa de manipulação do mercado do ouro. Somente nas últimas décadas o termo se popularizou para designar o dia de grandes promoções no varejo.
Nos Estados Unidos, a Black Friday ocorre logo após o Dia de Ação de Graças, que desde 1941 é celebrado na quarta quinta-feira de novembro. Essa definição surgiu para ampliar o período de compras antes do Natal, atendendo à demanda dos lojistas. O evento ganhou destaque com desfiles natalinos, como o da loja Macy’s, inspirado originalmente por uma loja canadense, reforçando o início da temporada de compras de fim de ano.
A expressão enfrentou interpretações variadas ao longo do tempo. Na década de 1950, um boletim interno de uma fábrica associou a Black Friday a um aumento de ausências por doença dos trabalhadores na sexta-feira após o feriado. Em contrapartida, lojistas na Filadélfia passaram a usar o termo para descrever o intenso trânsito e a movimentação de consumidores nas ruas. Tentativas de suavizar a imagem do termo incluíram substituí-lo por “Big Friday”.
Com o passar dos anos, o termo Black Friday ganhou conotação comercial positiva, significando o dia em que os lojistas “voltam ao azul”, ou seja, registram lucro. Contudo, não há evidências claras de que os descontos oferecidos, que podem chegar a 90%, garantam margens lucrativas elevadas para os estabelecimentos.
A divulgação da data pelo país só ocorreu de forma expressiva na década de 1990. Até então, o evento estava restrito a áreas específicas dos EUA, como a Filadélfia. O reconhecimento da Black Friday como o maior dia de compras do ano americano só foi consolidado após 2001, uma mudança impulsionada por alterações no comportamento do consumidor.
Internacionalmente, a Black Friday inspirou eventos semelhantes e nomes diferentes. No Canadá, lojistas realizam promoções para competir com as ofertas americanas apesar do feriado de Ação de Graças ser um mês antes. No México, o evento foi renomeado para “El Buen Fin”, um fim de semana fechado de promoções relacionadas ao aniversário da Revolução Mexicana. No Brasil, a data foi adotada sem possuir um feriado próprio, alinhando-se ao calendário comercial para aproveitar o apelo global da Black Friday.
No entanto, o formato tradicional da Black Friday enfrenta mudanças. Desde 2011, grandes varejistas nos EUA, como o Walmart, começaram a iniciar promoções já na noite do feriado, diluindo o evento. Em resposta, foram criados nomes alternativos para os dias anteriores à sexta-feira, como a “Quinta-feira Cinza”. No Brasil, é comum que lojas iniciem ofertas dias antes e mantenham descontos por períodos maiores.
Apesar da adoção global, consumidores e especialistas monitoram práticas como exagero de preços antes da data e descontos nem sempre reais. O acompanhamento atento ajuda a evitar a chamada “Black Fraude”, nome que muitos usam para questionar a autenticidade dos descontos promovidos no evento.
A Black Friday, mesmo com desdobramentos e adaptações em diferentes países, permanece como uma das principais estratégias comerciais para impulsionar vendas no final do ano, influenciando tanto o comportamento do consumidor quanto as estratégias do varejo.
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*Esta reportagem foi publicada originalmente em novembro de 2016 e republicada em novembro de 2025.*
Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com