Luís Henrique Martins, engenheiro de inteligência artificial

Luís Henrique Martins, engenheiro de inteligência artificial (IA), recebe dezenas de ofertas de emprego mensalmente no Brasil devido à alta demanda por profissionais na área, impulsionada pelo crescimento da IA generativa desde o lançamento do ChatGPT em 2022. Empresas brasileiras têm competido por talentos oferecendo salários elevados, benefícios ampliados e até participação societária, enquanto enfrentam dificuldade para encontrar profissionais qualificados.

A IA generativa, que automatiza e otimiza tarefas por meio da criação de conteúdo, já é usada por 800 milhões de pessoas globalmente e está incorporada em diversos setores no país. No entanto, a escassez de mão de obra especializada tem levado as companhias a flexibilizar regras sobre trabalho presencial e a oferecer condições diferenciadas para atrair candidatos.

Perfil multifuncional, a posição de engenheiro de IA combina conhecimentos em ciência de dados, programação, infraestrutura de software e computação em nuvem. Esses profissionais atuam integrando modelos de IA a produtos e serviços, criando soluções como chatbots personalizados, relatórios automatizados e análises de concorrência, além de se dedicar a pesquisa e inovação em modelos de inteligência artificial.

Nos Estados Unidos, a remuneração para esses especialistas pode chegar a valores milionários, enquanto no Brasil os salários são mais modestos, mas ainda superiores aos de desenvolvedores de software tradicionais. Recrutadores relatam que muitos engenheiros de IA já acumulam múltiplas ofertas e poucos candidatos respondem às abordagens, evidenciando a competitividade do mercado.

Além da disputa entre empresas nacionais, companhias estrangeiras também buscam profissionais brasileiros, atraídas pelo custo competitivo e pelo fuso horário favorável. O trabalho remoto, amplamente preferido por esses especialistas, facilita essa conexão internacional e se tornou um diferencial importante para retenção.

Para não perder talentos diante da remuneração em dólar, algumas empresas brasileiras oferecem flexibilidade no regime de trabalho e destacam o propósito de suas atividades, como o impacto social na área da saúde. Luís Henrique Martins, por exemplo, valoriza o trabalho remoto e a possibilidade de ser sócio da startup em que atua, a Vox Radar, que monitora redes sociais com IA.

A forte demanda não atinge apenas profissionais seniores. Empresas têm também investido em talentos menos experientes, contratando candidatos com menor qualificação e promovendo capacitação interna. Essa estratégia é observada em grandes organizações como o iFood, que direciona recursos para treinamento em IA, e a Cloudwalk, que incentiva a cultura do “aprender fazendo” entre seus funcionários.

Gabriel Bernal, da Cloudwalk, destaca que o salário inicial para desenvolvedores de software focados em IA pode variar de R$ 7 mil a R$ 10 mil com benefícios, em regime CLT. Ele acrescenta que a rotatividade na empresa é baixa mesmo com a competição pelo mercado de trabalho, devido às oportunidades de crescimento e ambiente de trabalho.

A pressão por profissionais especializados reflete o impacto crescente da inteligência artificial nos processos empresariais e nas rotinas de trabalho. O campo está em expansão, mas ainda carece de uma definição clara das funções e competências específicas, o que exige dos candidatos uma combinação ampla de conhecimentos e habilidades multidisciplinares.

Com a evolução acelerada da IA generativa, a busca por mão de obra qualificada no Brasil deve continuar intensa, alimentando uma corrida por talentos que impõe desafios a empresas e profissionais no que diz respeito a salários, benefícios, condições de trabalho e desenvolvimento de carreira.

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Fonte: g1.globo.com