O governo dos Estados Unidos suspendeu nesta quinta-feira (20/11) as tarifas de 40% sobre alguns produtos agrícolas brasileiros, medida que Celso Amorim, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, considerou “um passo na direção certa”. A suspensão ocorreu após negociações promovidas pelo governo brasileiro para aliviar a disputa comercial entre os dois países.
A decisão dos EUA abrange produtos como café, alguns cortes de carne bovina, açaí, manga e cacau, aplicando-se a mercadorias que chegaram ao país a partir do dia 13 de novembro. Segundo o decreto assinado pelo presidente Donald Trump, a medida ocorreu em resposta às conversas mantidas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de melhorar as relações comerciais.
Amorim destacou que a suspensão é resultado de um trabalho cuidadoso no nível político e diplomático, expressando confiança no avanço das negociações. O assessor embarcou para a África do Sul, onde participará da Cúpula de Líderes do G20, evento que reúne as maiores economias do mundo.
Apesar da suspensão das tarifas sobre produtos agrícolas, integrantes do governo brasileiro ouvidos pela BBC News Brasil em caráter reservado alertaram que o imbróglio ainda não está totalmente resolvido. Um deles classificou o retorno da sobretaxa como um “erro” cometido pelos Estados Unidos em julho, quando a tarifa foi aplicada sob a justificativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sofrendo uma perseguição política no Brasil.
Além da questão das tarifas agrícolas, ainda há negociações em andamento para a redução das sobretaxas sobre produtos manufaturados brasileiros, que permanecem sujeitas a tarifas americanas elevadas.
Outro ponto ressaltado por um servidor brasileiro foi a menção direta no decreto de Trump às negociações com Lula, interpretada como um recado tanto para os negociadores brasileiros quanto para integrantes do governo dos EUA que possam apoiar Bolsonaro. A medida indica a continuidade do processo e o interesse em avançar nas conversas.
A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos teve origem na implementação das tarifas de 40% em julho deste ano. Na época, o governo americano alegou que o tarifação adotada visava conter uma suposta perseguição política contra Bolsonaro, incidente que Trump classificou como “caça às bruxas”.
A crise diplomática começou a mostrar sinais de melhora em setembro, quando Lula e Trump se encontraram brevemente na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. O encontro durou menos de um minuto, mas abriu espaço para a aproximação entre os países.
No dia 26 de outubro, os líderes se reuniram novamente na Malásia, em sua primeira reunião bilateral, e concordaram que as equipes diplomáticas deveriam continuar as negociações nas semanas seguintes para tratar das tarifas.
Desde o início da imposição das tarifas, o governo brasileiro manteve a posição de não ceder à pressão externa, declarando que o julgamento do ex-presidente Bolsonaro seguirá conforme os trâmites do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a suspensão parcial das tarifas, o cenário comercial entre Brasil e Estados Unidos pode apresentar sinais de normalização, embora as negociações sobre produtos manufaturados ainda demandem avanços para uma resolução definitiva.
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Fonte: g1.globo.com
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