Carlos Eduardo Brandt, ex-servidor do Banco Central que

Carlos Eduardo Brandt, ex-servidor do Banco Central que liderou o desenvolvimento do Pix, deixou a instituição brasileira para atuar no Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, em agosto, três meses atrás. A mudança ocorre no momento em que o Pix completa cinco anos de operação, consolidando-se como um sistema de pagamentos instantâneos de referência mundial.

Brandt permaneceu 23 anos no Banco Central, autarquia fundada em 1964, e recebeu destaque internacional ao ser listado pela Bloomberg, em 2021, entre os 50 líderes globais no setor financeiro. Naquele ano, o Pix dobrou sua base de usuários para 113 milhões, entre pessoas físicas e jurídicas.

O Pix conta hoje com 161,7 milhões de usuários pessoas físicas e 16,3 milhões de pessoas jurídicas e movimentou R$ 85 trilhões desde sua criação, conforme estudo da fintech Ebanx, número sete vezes maior que o Produto Interno Bruto brasileiro. O sistema já é mais popular que o cartão de crédito e é utilizado por 93% da população adulta do país.

A previsão é que o Pix alcance 7,9 bilhões de transações mensais ainda em 2024, com um volume anual de R$ 35,3 trilhões, um crescimento de 34% em relação ao ano anterior. Esses resultados impulsionaram o convite do FMI para que Brandt trabalhe na área de pagamentos e infraestruturas de mercados.

No FMI, organismo com 191 países-membros, o objetivo de Brandt é colaborar com a implementação e melhoria de sistemas financeiros internacionais, incluindo o desenvolvimento de soluções para tornar os pagamentos instantâneos entre países mais eficientes. Ele acompanha projetos como o Nexus, do Banco de Compensações Internacionais, que visa interligar sistemas de pagamentos em várias nações asiáticas.

O desafio principal reside na complexidade regulatória e operativa internacional, já que cada país possui legislação específica, além da necessidade de seguir padrões globais e garantir a segurança das transações. Brandt também observa iniciativas na África Austral, que buscam integrar financeiramente países da região.

Outra frente importante abordada por Brandt no FMI envolve as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs), tecnologias semelhantes às criptomoedas que podem simplificar transações financeiras internacionais e reduzir custos para os usuários.

Segundo o diretor do departamento de mercados monetários e de capitais do FMI, Tobias Adrian, a simplificação dos sistemas globais de pagamentos pode diminuir tarifas elevadas pagas por imigrantes para enviar dinheiro a seus países de origem. Atualmente, esses custos chegam a 6,5% do valor enviado.

O modelo brasileiro do Pix, desenvolvido e operado pelo Banco Central, difere de sistemas adotados em outros países, como a Índia, onde empresas privadas dominam a infraestrutura de pagamentos instantâneos. Para Brandt, ter o BC como agente neutro e não com fins lucrativos é fundamental para garantir um ecossistema inclusivo.

Essa infraestrutura pública digital do Pix reflete a visão de que tecnologias dessa natureza devem ser bens públicos, de interesse coletivo, e não controladas exclusivamente pela iniciativa privada. O Brasil tem compartilhado essa experiência em iniciativas internacionais, como a campanha da Organização das Nações Unidas (ONU) para a adoção de infraestruturas públicas digitais.

O sistema de pagamentos brasileiro entrou na mira do governo dos Estados Unidos em 2023, quando foi incluído em uma lista de possíveis práticas comerciais desleais para investigação. O impacto do Pix nas receitas das grandes empresas de tecnologia é apontado como um dos motivos para a preocupação americana.

Brandt evita polêmicas, ressalta que as infraestruturas digitais públicas representam um modelo de ganha-ganha ao digitalizar a economia e ampliar oportunidades para empresas de tecnologia. Ele enfatiza que o Banco Central atuou com base em objetivos públicos para oferecer benefícios à sociedade.

O Pix é o elemento mais visível de um ecossistema brasileiro de finanças digitais que inclui outras iniciativas, como o Open Finance e o sistema unificado de identificação digital gov.br. Investidores internacionais reconhecem o país como um laboratório global de inovação nessa área, destacando a coordenação e inclusão promovidas pelo modelo brasileiro.

Desde a criação do Pix, o Brasil tem construído uma rede de tecnologias financeiras que servem como referência para outros países, alinhando regulamentação, infraestrutura pública e inclusão digital. A experiência brasileira tem inspirado debates globais sobre o futuro dos sistemas de pagamento e a digitalização das finanças.

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Fonte: g1.globo.com


Fonte: g1.globo.com

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