A inflação alta e a valorização do dólar pressionam o

A inflação alta e a valorização do dólar pressionam o orçamento das famílias brasileiras, que ainda destinam grande parte da renda para despesas básicas, principalmente nas classes B, C, D e E. Pesquisa realizada em 2024 pelo g1 comparou os gastos com uma cesta de produtos similares no Brasil, nos Estados Unidos e em Portugal, mostrando diferenças significativas no percentual do orçamento destinado a esses itens.
O levantamento indica que um brasileiro que ganha um salário mínimo compromete cerca de 13,22% do orçamento com a cesta selecionada, enquanto em Portugal esse percentual é de 5,13% e nos EUA de 4,08%. Essa diferença ocorre devido à inflação ainda alta no Brasil e à taxa de câmbio que, apesar de desvalorizada neste ano, continua elevando preços internos.
Dados do IBGE apontam que a renda média real dos brasileiros foi de R$ 3.540 no terceiro trimestre de 2024, com aumento de 4% em relação a 2023. No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 4,68% em 12 meses, permanecendo acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%.
Especialistas afirmam que, embora o Brasil seja classificado pelo Banco Mundial como país de renda média alta, seu PIB per capita é inferior ao de economias mais desenvolvidas e alguns países sul-americanos. A economista Bertha Rohenkohl ressalta que, apesar dos preços internos serem menores, essa diferença não compensa a renda média menor dos brasileiros.
Hugo Ñopo, economista do Banco Mundial, destaca que o salário mínimo real cresceu entre 2001 e 2015, mas nos anos seguintes a inflação corroeu o poder de compra. Entre 2016 e 2021, os preços gerais subiram 36%, e alimentos tiveram alta de 46%. Isso resultou em queda da renda real das famílias mais pobres no período.
A valorização do dólar e o aumento dos preços de alimentos e combustíveis continuam elevando o custo de vida. Comparações feitas pelo projeto Our World In Data (OWID) utilizam o Índice de Nível de Preços (PLI) e as Paridades de Poder de Compra (PPP) para medir diferenças entre países. Segundo esses indicadores, os preços médios no Brasil são superiores a 52% dos países avaliados, em comparação aos Estados Unidos.
A análise mostra que o custo de vida não é diretamente proporcional ao PIB per capita. Países com renda per capita maior que a do Brasil apresentam preços mais baixos, o que indica maior poder de compra em suas populações. Fatores como distribuição de renda, mercado de trabalho, poupança familiar, políticas tributárias e estrutura econômica influenciam essa variação.
Marko Rissanen, do Banco Mundial, explica que a organização econômica, políticas públicas e produtividade são determinantes para o poder de compra das famílias. Bertha Rohenkohl alerta para a interpretação cuidadosa dos dados do PLI, que baseiam-se em IPC de 2021 e podem não refletir mudanças recentes nos preços.
Economistas afirmam que a percepção de alta no custo de vida deve continuar nos próximos anos, mesmo com ajuste na renda. Joelson Sampaio, professor da FGV, observa que a desigualdade econômica mantém a disparidade no poder de compra entre países.
Além da produtividade, os especialistas citam a taxa de câmbio como fator relevante para os preços domésticos. Em 2024, embora o dólar tenha se desvalorizado mais de 10%, sua cotação permanece elevada em relação ao período pré-pandemia. Desde 2019, a moeda americana subiu 32,1%, para cerca de R$ 5,30.
Os preços elevados, em conjunto com incertezas econômicas, limitam o aumento da renda real no Brasil e no mundo. Tributação, subsídios, tarifas de importação e concorrência interna também impactam o custo final ao consumidor, afirmam os especialistas.
Em resumo, apesar de avanços na renda nominal, a combinação de inflação persistente, câmbio desfavorável e outros fatores mantém o custo de vida elevado no Brasil, principalmente para as famílias de menor poder aquisitivo.
—
Palavras-chave relacionadas para SEO: inflação no Brasil, custo de vida Brasil, poder de compra, salário mínimo Brasil, taxa de câmbio, PIB per capita, IBGE, IPCA, Banco Mundial, paridade de poder de compra, rendimento familiar, custo de alimentos, economia brasileira, OWID, preço ao consumidor, desigualdade econômica.
Fonte: g1.globo.com
Fonte: g1.globo.com