Uma mulher que teve um encontro de 20 minutos com

Uma mulher que teve um encontro de 20 minutos com o golpista e estuprador Christopher Harkins em 2018 relata ter sofrido ameaças e abusos que afetaram sua saúde mental por anos. Nadia, massoterapeuta esportiva, encerrou o encontro mais cedo ao perceber sinais de alerta e passou a ser alvo de assédio após isso, relatou em podcast da BBC.

Nadia e Harkins se conheceram pelo aplicativo Tinder e marcaram um jantar em Glasgow, na Escócia. Ao chegar ao apartamento dele, encontrou o local vazio e Harkins vestido de forma desleixada, sugerindo que ficassem em casa e pedissem comida por aplicativo. A situação se tornou tensa quando ela recusou uma bebida alcoólica e ele passou a agir de maneira agressiva.

Durante o encontro, Nadia derramou uma Coca-Cola e foi insultada por Harkins, que a chamou de “palhaça” e a pressionou a sair. Ela relata ter ficado com medo e saiu do local, mas o assédio continuou com ligações e mensagens ameaçadoras. As ameaças incluíam promessa de incendiar sua casa, agressões contra ela e contra seu pai.

No dia seguinte, Nadia denunciou as ameaças à Polícia da Escócia, mas relatou que não recebeu apoio imediato. A polícia afirmou que não havia ameaça direta no momento e orientou que ela voltasse a denunciar caso ocorresse algo. Nadia afirma que seu depoimento não foi colhido e que a sensação era de negligência por parte das autoridades.

Christopher Harkins atuou como golpista romântico durante quase uma década, cometendo crimes contra cerca de 30 mulheres em Escócia e Londres. As vítimas relatam fraudes financeiras, abusos físicos e ameaças. Apesar disso, a polícia só iniciou investigação formal em 2019, após uma vítima procurar a imprensa para expor os crimes.

A investigação revelou que Harkins roubou mais de £214 mil (aproximadamente R$ 1,5 milhão) de mulheres por meio de golpes, como falsos investimentos e reservas de viagens fraudulentas. Em 2024, ele foi condenado a 12 anos de prisão por 19 crimes cometidos contra 10 mulheres, incluindo estupro.

A polícia reconheceu que as denúncias anteriores a 2019 foram recebidas separadamente e tratadas de forma isolada, em grande parte relacionadas a questões financeiras. A inspetora-chefe Lyndsay Laird afirmou que a abordagem policial evoluiu desde então e espera que situações semelhantes não se repitam.

Nadia critica a demora na resposta policial e acredita que vítimas poderiam ter sido protegidas se Harkins tivesse sido detido antes. Ela destaca que o impacto psicológico do encontro e do assédio posterior a prejudicou profundamente, chegando a pensar em tirar a própria vida, mas conseguiu recuperar-se com apoio e força pessoal.

A rápida ação das vítimas que decidiram denunciar os crimes culminou na prisão e condenação de Harkins. Nadia ressaltou que a justiça alcançada protege outras mulheres que poderiam cruzar o caminho do criminoso, e que hoje se sente mais confiante para identificar sinais de alerta.

No Brasil, mulheres que enfrentam abuso ou violência podem acionar a Central de Atendimento à Mulher pelo telefone 180, disponível 24 horas, além dos números 190 (Polícia Militar), 197 (Polícia Civil) e 181 (Disque Denúncia) para emergências.

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Fonte: g1.globo.com