O diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a diretora da

O diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a diretora da BBC News, Deborah Turness, renunciaram aos seus cargos no domingo (9). As saídas ocorrem após críticas à emissora por um documentário do programa Panorama que teria editado de forma enganosa um discurso do ex-presidente dos EUA Donald Trump, sugerindo que ele incitou os ataques ao Capitólio em janeiro de 2021.

Tim Davie assumiu como diretor-geral da BBC em setembro de 2020, supervisionando as operações e liderança editorial da corporação. Antes, foi diretor-executivo da BBC Studios por sete anos e trabalhou em empresas como Procter & Gamble e PepsiCo. Deborah Turness era CEO da BBC News desde 2022, responsável por uma equipe de cerca de 6 mil funcionários e pela transmissão em mais de 40 idiomas. Ela já foi CEO do grupo ITN e presidente da NBC News.

A renúncia dos dois ocorreu após o documentário “Trump: Uma Segunda Chance?”, exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA em 2024, ter sido acusado de manipular trechos do discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021. O programa combinou frases ditas com mais de 50 minutos de diferença, criando a impressão de que Trump incentivava diretamente a invasão do Capitólio.

Em comunicado, Turness disse que, apesar dos erros cometidos, as acusações de viés institucional seriam falsas. Ela afirmou ainda que a polêmica estava causando danos à BBC. Davie reconheceu que o debate em torno da BBC News foi um fator para sua decisão, mas ressaltou que, apesar de alguns erros, a emissora vinha apresentando um bom desempenho.

O jornal britânico Telegraph divulgou um memorando interno de Michael Prescott, ex-consultor do comitê de padrões editoriais da BBC que criticava a forma como o documentário foi editado. Prescott apontou que a emissora recusou-se a reconhecer a violação dos padrões jornalísticos, aumentando a desconfiança do público em relação à credibilidade da BBC.

Além da questão do documentário, a BBC enfrentou críticas recentes sobre seu tratamento editorial em temas diversos, incluindo a cobertura da guerra em Gaza pelo serviço em árabe e assuntos relacionados a pessoas transgênero. Também houve reclamações sobre a alteração de roteiros no BBC News Channel, como no caso da apresentadora Martine Croxall, que modificou ao vivo uma referência a “pessoas grávidas”.

Tim Davie liderou a BBC durante diferentes crises e escândalos, incluindo controvérsias com figuras públicas como o ex-jogador Gary Lineker e questões relativas a conteúdos apresentados na emissora. Apesar da resistência inicial, a pressão causada pelos eventos recentes e o desgaste na reputação da BBC levaram à sua saída do cargo.

A renúncia ocorre em momento delicado para a BBC, que enfrenta uma revisão pelo governo britânico na regulamentação que determina sua relação institucional, vigente até 2027. Davie destacou a importância de preparar um ambiente que permita ao próximo diretor-geral conduzir a instituição nesse processo, trazendo estabilidade para o futuro da empresa.

A escolha do novo diretor-geral será feita pelo Conselho da BBC, liderado pelo presidente Samir Shah. O cargo, que Tim Davie ocupava desde 2020, é a principal autoridade da emissora, responsável por garantir a missão e os objetivos públicos da BBC. O sucessor será o 18º na história da organização.

Entre os nomes citados para a sucessão estão Charlotte Moore, ex-diretora de conteúdo da BBC, Jay Hunt, executiva experiente na televisão britânica, e James Harding, antigo chefe de notícias da BBC. A decisão será acompanhada com atenção devido ao impacto que a liderança tem sobre a credibilidade e o futuro da emissora.

Palavras-chave relacionadas: Tim Davie, Deborah Turness, BBC, renúncia, documentário Panorama, Donald Trump, invasão ao Capitólio, Panorama, imprensa britânica, jornalismo, polêmica editorial, BBC News, revisão governamental, liderança da BBC, viés na mídia.

Fonte: g1.globo.com