Uma operação coordenada na Argentina derrubou em novembro de 2025 diversos aplicativos de streaming pirata usados por clientes no Brasil, entre eles My Family Cinema e TV Express, que eram acessados por meio de TV boxes vendidos sem autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A ação teve origem em uma investigação iniciada em 2024, após denúncia da Alianza, associação latino-americana que combate a pirataria audiovisual.
Os aplicativos ilegais atendiam cerca de 6,2 milhões de assinantes ativos, sendo 4,6 milhões no Brasil. Consumidores pagavam mensalidades entre US$ 3 e US$ 5 para acesso não autorizado a filmes, séries e transmissões esportivas, o que gerou prejuízos estimados entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões ao ano para detentores dos direitos, segundo a Alianza. A investigação incluiu a colaboração de entidades esportivas como La Liga, responsável pela liga espanhola de futebol.
A investigação começou quando a Alianza comprou TV boxes contendo o aplicativo MagisTV, também conhecido como UniTV e HTV, para analisar a operação dos serviços ilegais. Em setembro de 2024, a associação formalizou denúncia junto ao Ministério Público de Buenos Aires, que deu início às investigações criminais. Em agosto de 2025, buscas foram autorizadas e realizadas em quatro escritórios na Argentina, que, embora aparentassem operar legalmente, funcionavam como centros do esquema de pirataria.
Em um desses escritórios, cerca de 100 funcionários trabalhavam sob regime formal, contando até com setor de Recursos Humanos. As autoridades apreenderam equipamentos eletrônicos, como notebooks, pen drives e discos rígidos, além de cartões de recarga usados para liberar conteúdo nas TV boxes. Também foram confiscados valores em dinheiro e criptomoedas, totalizando o equivalente a centenas de milhares de reais.
A escolha da Argentina como base do esquema se expliqua pela estrutura do mercado local, que é pequeno para esse tipo de produto, mas oferece mão de obra qualificada e custos operacionais mais baixos. O presidente da Alianza, Jorge Alberto Bacaloni, destacou que o Brasil, com seu mercado amplo, é alvo principal dos serviços, mas a organização preferiu evitar expor sua base operacional a investigações brasileiras.
Até o momento, 14 plataformas foram desativadas, e a Alianza indica que outras 14 devem ser derrubadas até o fim de novembro. Os escritórios na Argentina eram responsáveis apenas por marketing e vendas; a infraestrutura técnica ficava hospedada na China, o que atrasou a interrupção completa dos serviços.
A Anatel não participou diretamente da investigação, mas reforça a orientação para que consumidores adquiram apenas TV boxes homologadas pela agência. A homologação garante o cumprimento de requisitos técnicos e de segurança. A agência trabalha em parceria com entidades do setor para bloquear aparelhos não autorizados e a pirataria relacionada.
TV boxes não homologadas podem causar interferência em outros dispositivos e expor os usuários a ataques cibernéticos. A Anatel alerta que o uso irregular desses aparelhos contribui para a circulação de conteúdo ilegal e recomenda cautela aos consumidores.
A operação revela um esquema bilionário que explorava o acesso ilegal a conteúdos protegidos, evidenciando desafios ainda existentes no combate à pirataria digital na América Latina.
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Fonte: g1.globo.com
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Fonte: g1.globo.com

