O filme “O agente secreto”, dirigido por Kleber

O filme “O agente secreto”, dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, estreia no Brasil nesta quinta-feira (6) e propõe uma reflexão sobre a relação do país com a ditadura militar, utilizando humor e elementos de suspense para tratar o tema. A obra tem previsão para concorrer à categoria internacional do Oscar 2026, marcando uma nova fase para o cinema nacional após a conquista da primeira estatueta com “Ainda estou aqui”.
A narrativa se passa nos anos 1970, quando o protagonista, vivido por Moura, retorna à sua cidade natal em Recife para enfrentar um passado violento e fugir do regime autoritário. O roteiro mistura gêneros cinematográficos e insere uma lenda urbana local, a perna cabeluda, para trazer realismo fantástico à história. A trama acompanha o personagem principal enquanto tenta escapar com o filho, lidando com aliados misteriosos e autoridades opressoras.
A atuação de Wagner Moura é central para a construção do personagem, que demonstra uma complexa mistura de resignação e dor. O elenco de apoio também contribui para a profundidade do filme, destacando-se Tânia Maria, que interpreta uma figura materna em um grupo de refugiados, e os atores Robério Diógenes e Udo Kier, que representam personagens ligados ao contexto político e social da época. A presença desses elementos fortalece o retrato do ambiente brasileiro durante o regime militar.
Kleber Mendonça Filho, conhecido por obras como “Bacurau” e “Aquarius”, utiliza seu estilo característico de humor e ironia para desenvolver “O agente secreto”. A direção cria uma atmosfera que parte de um suspense convencional para uma conclusão inesperada, que muda o tom e amplia a crítica histórica. Essa escolha pode ser vista como uma reflexão sobre a dificuldade do Brasil em confrontar seu passado recente e superar memórias dolorosas.
A filmagem ocorreu em locações como a Vila Santo Antônio, no bairro da Boa Vista, Recife, região que traz uma forte presença cultural e histórica para a narrativa. A construção visual do filme reforça a ambientação e conecta o espectador às tensões sociais e políticas retratadas. A direção de fotografia e o ritmo da edição contribuem para que a longa duração de 2h40 seja percebida como ágil e envolvente.
A atenção especial à trilha sonora e à ambientação sonoro-visual também são apontadas como estratégias do diretor para manter o interesse do público e reforçar os temas explorados. A abordagem do filme equilibra o peso do conteúdo político com aspectos mais leves e até cômicos, criando uma experiência que foge do thriller convencional.
Quanto às expectativas para premiações, “O agente secreto” figura entre os principais candidatos brasileiros à indicação na categoria de melhor filme internacional do Oscar 2026. Além da possibilidade de Wagner Moura ser indicado como melhor ator, o filme enfrenta concorrência de produções europeias e asiáticas já cotadas entre as favoritas. A campanha para o Oscar está no início e ainda pode sofrer mudanças nos próximos meses.
Críticas ao filme apontam que a mudança brusca de tom no desfecho pode ser frustrante para parte do público. Também há questionamentos sobre a construção do antagonista, que apresenta características maniqueístas pouco aprofundadas, em contraste com a complexidade do protagonista. No entanto, o conjunto da obra é visto como um marco no cinema brasileiro atual, que combina elementos artísticos e históricos para provocar debates.
Com “O agente secreto”, Mendonça Filho e Moura unem forças para ampliar a discussão sobre o período da ditadura militar no Brasil, apresentando temas de memória e violência sob uma perspectiva que mistura realidade, fantasia e crítica social. A estreia do filme representa um momento significativo para a indústria audiovisual nacional, que busca espaço e reconhecimento no cenário internacional.
—
Palavras-chave relacionadas para SEO:
O agente secreto, Kleber Mendonça Filho, Wagner Moura, cinema brasileiro, ditadura militar, Oscar 2026, filme brasileiro, suspense, drama político, Recife, perna cabeluda, Tânia Maria, cinema nacional, filme histórico, premiação internacional.
Fonte: g1.globo.com
Imagem: s2-g1.glbimg.com
Fonte: g1.globo.com