Economia

Pecuaristas americanos reagem com críticas ao plano de trump

Pecuaristas americanos reagem com críticas ao plano de trump
  • Publishednovembro 2, 2025

O governo dos Estados Unidos anunciou em outubro a intenção de quadruplicar a cota tarifária para a importação de carne bovina argentina, aumentando o limite de 20 mil para 80 mil toneladas. A medida busca reduzir os preços do produto no mercado interno, mas gerou reação negativa entre os pecuaristas americanos, preocupados com o impacto na produção nacional.

Os pecuaristas dos EUA criticam o plano do presidente Donald Trump, que afirmam favorecer concorrentes estrangeiros em detrimento da produção local. Christian Lovell, criador de gado em Illinois, descreveu a iniciativa como uma “traição” ao setor, argumentando que o governo estaria “vendendo” os produtores americanos ao mercado externo.

O anúncio ocorreu após Trump afirmar que seu governo estava negociando para reduzir os preços da carne bovina nos Estados Unidos. Em declarações, o presidente mencionou a compra de carne da Argentina como forma de alcançar esse objetivo, sem detalhar valores ou condições específicas da proposta.

A secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, afirmou que a negociação com a Argentina está em andamento, mas que qualquer aumento nas importações não deve ser expressivo. Apesar disso, as associações de pecuaristas, como a R-CALF, exigiram medidas de apoio ao setor, o que levou a Casa Branca a anunciar um pacote de incentivo para os criadores.

A proposta de incluir maior volume de carne argentina na cadeia americana ocorre em um contexto de estreita relação financeira entre os governos dos EUA e da Argentina. Em outubro, Trump concedeu um pacote de apoio de cerca de US$ 20 bilhões ao país sul-americano, principalmente por meio de um swap cambial, instrumento de troca futura de moedas que visa estabilizar o peso argentino.

Críticos da administração americana apontam contradições entre o discurso do governo, que prega a prioridade aos interesses nacionais com o slogan “América Primeiro”, e a abertura para produtos estrangeiros que competem com produtores locais. Bill Bullard, presidente da R-CALF, afirmou que as políticas de Trump deveriam reduzir importações para proteger os pecuaristas do país.

Especialistas em economia agrícola ressaltam que a carne bovina argentina representa uma pequena parcela das importações americanas, cerca de 2,1%. Segundo o economista David Anderson, da Universidade Texas A&M, o Uruguai lidera o volume de carne bovina importada para os EUA, e os principais fornecedores continuam sendo Brasil, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e México.

Anderson avalia que o aumento das importações argentinas dificilmente terá impacto significativo nos preços domésticos, que são influenciados por fatores como produção local e comportamento do consumidor. Arlan Suderman, economista da consultoria StoneX, acrescenta que a Argentina não representa uma ameaça expressiva para o mercado americano, ao contrário do Brasil, maior exportador global.

Outro ponto destacado pelos pecuaristas é o controle dos preços da carne bovina, dominado por quatro grandes processadoras que concentram cerca de 80% do mercado norte-americano. Lovell afirma que essas empresas, e não os produtores, definem os valores, o que reduz a concorrência e os incentivos para a melhoria do setor.

O cenário atual nos Estados Unidos mostra o menor número de cabeças de gado em 74 anos, devido a períodos prolongados de seca e preços reduzidos que levaram à redução da produção. A demanda constante dos consumidores, por sua vez, tem elevado os preços nos supermercados.

A tarifação aplicada pelos EUA de 50% sobre carnes brasileiras a partir de agosto também contribui para o aumento dos custos do produto no país. Globalmente, a combinação de fatores climáticos adversos, surtos de doenças nos rebanhos, tensões comerciais e concentração no setor de processamento tem elevado os preços da carne bovina.

Essas condições reforçam a complexidade do mercado internacional de carne, em que fatores internos e externos influenciam preços e disponibilidade. A controvérsia sobre a ampliação da cota para importação de carne argentina ilustra os desafios do equilíbrio entre proteger produtores locais e atender às demandas do consumidor americano.

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Fonte: g1.globo.com

Imagem: s2-g1.glbimg.com


Fonte: g1.globo.com

Written By
Caio Marcio

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